O Dia Mundial da Pneumonia (12) visa alertar sobre os perigos dessa doença e promover a conscientização acerca da necessidade de combater efetivamente o maior causador de mortes infecciosas em adultos e crianças. De acordo com a pneumologista Dra Larissa Voss, a pneumonia pode ser provocada tanto pela bactéria, como por vírus, fungos ou pela inalação de produtos tóxicos. “Nos casos de pneumonia, a tosse é um dos sinais mais comuns da doença. Ela costuma evoluir rapidamente, pois é uma condição aguda. Em poucas horas da infecção, os sintomas começam a atingir o paciente”, explica.
O Ministério da Saúde alerta que os efeitos combinados da pandemia de COVID-19, da mudança climática e dos conflitos estão alimentando uma crise de pneumonia que coloca milhões a mais de pessoas em risco de contrair a infecção e de morte. Vale destacar que a maior parte das pneumonias é leve e responde bem aos tratamentos, desde que diagnosticadas rapidamente, e não costumam deixar sequelas.
A maioria das populações perigosamente expostas à pneumonia vive em um grupo de países de baixa e média renda na África, Ásia e América Latina. Os esforços para mobilizar as comunidades para educar e capacitar as famílias e fortalecer os sistemas de saúde para prevenir, diagnosticar e tratar a pneumonia farão uma grande diferença para uma doença que pode ser prevenida e tratada.
Dados
De acordo com a ONU, com base na análise lançada no primeiro fórum global sobre pneumonia infantil em 2020, cerca de 6,3 milhões de crianças com menos de 5 anos correm o risco de falecer devido à pneumonia entre 2020 e 2030, considerando as tendências da época. Já os números divulgados pelo UNICEF destacam a gravidade dessa doença destacando que a cada ano, aproximadamente 4,2 milhões de crianças sofrem com pneumonia grave, resultando em mais de 800 mil óbitos de crianças menores de 5 anos. Esses números superam as estatísticas de mortes causadas por malária, sarampo e diarreia combinadas.
No Brasil e na Bahia
O Sistema Único de Saúde (SUS) registra, anualmente, mais de 600 mil internações por Pneumonia Adquirida na Comunidade (PAC) e Influenza. De acordo com o Ministério da Saúde, houve mais de 45 mil mortes por pneumonia em 2022. A Secretaria de Saúde do Estado Bahia (Sesab) registrou mais de 2,3 mil mortes por pneumonia na Bahia até julho deste ano, sendo que em 2022 foram 4.009 óbitos.
Dra. Larissa lembra que os idosos compõem um público de risco para a condição, já que o sistema imunológico está em queda. “Isso sem contar que existe o fator das doenças associadas, que geralmente acometem esse público, como diabetes, hipertensão, cardiopatia, doença renal ou cardíaca. Em geral, os idosos morrem muito mais, enquanto as crianças ficam em segundo lugar, sendo uma importante causa de morte nesse público”, aponta.
Atenção a crianças e idosos
A Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) chama a atenção, ainda, para o fato de que a necessidade do cuidado com a pneumonia é maior nos extremos de idade (idosos e crianças) e para quem tem o sistema imunológico mais comprometido. Acrescenta ainda que cada minuto que o paciente com pneumonia passa sem o antibiótico pode ser decisivo para a mortalidade. Portanto, é necessário orientar as pessoas a procurarem a emergência ao observar sintomas semelhantes aos de uma gripe forte que não sara.
Vacina Pneumo 15
Em outubro, uma nova vacina contra a bactéria pneumococo (Streptococcus pneumoniae), causadora da pneumonia, a Pneumo 15 começou a ser disponibilizada na rede privada de todo o país. A vacina, no entanto, só está sendo disponibilizada na rede privada e não existe estimativa da mesma ser ofertada no Sistema Único de Saúde (SUS). Conforme a Dra Larissa, o SUS só fornece a Pneumo 10 valente.
“A Pneumo 13 valente não é fornecida pelo SUS e já está no mercado há muito tempo. Existe ainda a Pneumo 23, que é indicada para casos que se enquadram nos grupos de risco, no caso de doenças respiratórias, doenças de algumas comorbidades específicas. Nesse casos, os pacientes conseguem tomar nos centros de referência de imunização”, aponta a médica.
A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) recomenda a nova vacina para crianças entre 2 e 15 meses de vida, com esquema vacinal em quatro doses, com dois meses de intervalo entre a primeira (dois meses de vida) e terceira aplicação, além de uma dose de reforço entre 12 e 15 meses de vida. Conforme a entidade, o imunizante pode ser administrado em conjunto com outras vacinas pediátricas e pode haver intercâmbio caso o paciente já tenha sido imunizado com a VPC13.
Conforme a pneumologista, a indicação para a vacinação contra a pneumonia ocorre na infância. Mas pode ser estender para quem possui doença respiratória. Pela SBIm, quem está acima de 60 anos, também possui indicação para tomar a vacina, como forma de evitar formas graves de pneumonia.
“Hoje em dia você pode usar a Pneumo 13 ou Pneumo 15, que possui mais 2 cepas que protegem. Se você for ver, a Pneumo 15 protege 1% a mais em relação a Pneumo 13, mas é 1% que em caso pacientes mais graves, pode proteger um pouco mais”, explica a especialista.
Informações do MS
Sintomas:
As principais manifestações clínicas da pneumonia são tosse com produção de expectoração; dor torácica, que piora com os movimentos respiratórios; mal-estar geral; falta de ar e febre.
Prevenção:
As principais formas de prevenir a doença são recomendações simples: lavar as mãos, não fumar, não usar bebidas alcoólicas, evitar aglomerações e se vacinar. Além da vacina da gripe há, ainda, a vacina anti-pneumocócica que previne as pneumonias causadas pela bactéria ‘pneumococo’.
Em caso de contágio, a imunização diminui a intensidade dos sintomas, além de evitar as formas graves da doença e a mortalidade para esse tipo específico de pneumonia.
Transmissão:
A pneumonia pode ser adquirida pelo ar, saliva, secreções, transfusão de sangue ou, na época do inverno, devido a mudanças bruscas de temperatura. Essas mudanças comprometem o funcionamento dos pelos do nariz, responsáveis pela filtragem do ar aspirado, o que acarreta uma maior exposição aos micro-organismos causadores da doença.
Diagnóstico e tratamento:
Exame clínico, auscultação dos pulmões e radiografias de tórax são recursos essenciais para o diagnóstico de pneumonia.
O tratamento depende do micro-organismo causador da doença. Nas pneumonias bacterianas, devem-se usar antibióticos. Na maior parte das vezes, quando a pneumonia é causada por vírus, o tratamento inclui apenas medicamentos para aliviar os sintomas, como febre e dor, podendo ser necessários medicamentos antivirais nas formas graves da doença. Nas pneumonias causadas por fungos, utilizam-se medicamentos específicos.
É muito importante saber que, se não tratada corretamente, a pneumonia pode evoluir para um quadro mais grave e fatal.
Tipos de Pneumonia:
Pneumonia adquirida na comunidade: é quando alguém desenvolve pneumonia na comunidade (não em um hospital);
Pneumonia associada aos cuidados de saúde: é quando alguém desenvolve pneumonia durante ou após estadia em um ambiente de saúde como: hospitais, instalações de cuidados de longo prazo e centros de diálise.
Pneumonia associada ao ventilador: é quando alguém contrai pneumonia depois de estar em um ventilador (uma máquina que suporta a respiração).
Pneumonia atípica: Os pesquisadores geralmente consideram as bactérias como “atípicas” por serem difíceis de detectar por meio de métodos bacterianos padrão. Essas bactérias “atípicas” incluem: Chlamydia pneumoniae; Chlamydia psittaci; Legionella pneumophila; Mycoplasma pneumoniae. Embora essas infecções sejam chamadas de “atípicas”, elas não são incomuns.