Apesar de ser uma doença evitável, o câncer de pele continua sendo o tipo de maior incidência no Brasil e no mundo. Com a chegada da estação mais quente do ano, o alerta se intensifica. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), mais de 220 mil novos casos devem ser registrados no Brasil em 2025. Na Bahia, a estimativa é de 10.520 novos casos de câncer de pele não melanoma e 250 de melanoma.
De acordo com o oncologista Marco Lessa, da Oncoclínicas, “o câncer de pele pode ser considerado um tumor evitável e isso reforça a importância da conscientização da população sobre a necessidade da adoção de medidas de fotoproteção”.
O oncologista André Bacellar, também da Oncoclínicas, reforça o principal fator de risco: “o efeito cumulativo da exposição prolongada ao sol ao longo de anos ou décadas sem proteção solar, especialmente o efeito dessa exposição desde a infância e juventude”.

Trabalhadores ao sol têm risco 60% maior de desenvolver câncer de pele
Um relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra que quase um terço das mortes por câncer de pele não melanoma está associado ao trabalho sob sol intenso. A exposição ocupacional à radiação ultravioleta aumenta em 60% o risco do tumor mais comum no país.
A recomendação vale para todos os profissionais expostos ao ar livre. “Todos devem usar protetor solar, seja quem trabalha nas praias, na limpeza urbana, em canteiros de obra, vendedores ambulantes ou trabalhador rural. O mesmo vale para quem vai aproveitar as praias ou praticar atividades de lazer ao ar livre”, finaliza André Bacellar.
Como o câncer de pele se desenvolve
A doença ocorre devido ao crescimento anormal e descontrolado das células que formam a pele. Conforme o tipo de célula afetada, o câncer pode ser classificado como melanoma ou não melanoma (carcinomas basocelular e espinocelular).
Entre os sinais de alerta estão pintas ou manchas que mudam de cor, textura ou tamanho, lesões que aumentam ou feridas que não cicatrizam. “É importante observar a própria pele e estar atento a qualquer sinal. Ao notar alguma alteração é fundamental buscar o dermatologista imediatamente”, orienta Marco Lessa. Quando diagnosticado precocemente, o melanoma, forma mais agressiva, pode atingir mais de 90% de chance de cura.

Quem está mais vulnerável
Pessoas com pele clara, sardas, olhos azuis ou verdes, cabelos claros ou ruivos e histórico familiar da doença fazem parte do grupo de maior risco. Além disso, indivíduos que sofrem queimaduras solares com facilidade ou que ficam vermelhos sem se bronzear apresentam maior predisposição ao melanoma.
Embora afete com maior frequência adultos acima de 40 anos, qualquer pessoa pode desenvolver o câncer de pele. “Indivíduos que têm pele negra possuem a melanina como um filtro solar natural, no entanto eles são mais suscetíveis a desenvolverem um subtipo de câncer de pele bastante agressivo, o melanoma acral, que acomete partes do corpo como a palma das mãos, a sola dos pés e unhas”, explica André Bacellar. Ele ainda reforça: “Manchas escuras nessas áreas devem ser investigadas o quanto antes”.
Medidas essenciais de fotoproteção
Medidas simples e diárias podem reduzir significativamente o risco. “O uso diário do filtro com Fator de Proteção Solar (FPS) mínimo de 30 é uma das formas mais eficazes para prevenção do câncer de pele e do envelhecimento cutâneo precoce”, afirma Marco Lessa. O produto deve ser reaplicado a cada duas horas ou após suor intenso e mergulhos.
Segundo o especialista, o uso não deve ser restrito aos dias de sol: “O uso do protetor solar não deve ser feito apenas nos dias ensolarados, mesmo em dias nublados a ação da radiação ultravioleta (UV) é intensa, por isso o uso do filtro deve ser uma rotina diária”.

Além disso, ele reforça outras condutas indispensáveis: “Evitar a exposição direta ao sol no horário das 10h e 16h, quando a radiação é mais intensa, usar roupas com proteção UV, chapéu ou viseira e óculos de sol também são medidas de fotoproteção importantes”.
