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Foto: Divulgação

Bahia lança primeiro centro do Brasil para rastreamento e cuidado integrado do câncer de pulmão

INSTITUTO PROPULMÃO

Com financiamento internacional da Fundação Bristol, o Instituto ProPulmão une ciência, tecnologia e cuidado humano para transformar o diagnóstico precoce do câncer de pulmão no país.

Tempo de Leitura: 5 minutos

A Bahia dará um passo histórico na luta contra o câncer de pulmão com o lançamento do Instituto ProPulmão, no próximo dia 13 de novembro. O centro será o primeiro do país totalmente voltado ao rastreamento e à detecção precoce da doença, considerada a principal causa de morte por câncer no mundo.

A iniciativa é apoiada pela Fundação Bahiana para Controle da Cardiopatia e do Câncer (FBCCC) e financiada pela Bristol Myers Squibb Foundation (BMS Foundation). O Instituto surge após mais de uma década de trabalho pioneiro, desenvolvido para aprimorar o diagnóstico precoce em comunidades remotas de diferentes regiões do Brasil.

O Instituto ProPulmão representa o primeiro modelo brasileiro de rastreamento e cuidado integrados para doenças torácicas, oncológicas e cardiovasculares. Dessa forma, o projeto une ciência, tecnologia e compaixão, conectando a detecção precoce ao diagnóstico e ao cuidado contínuo.

Além disso, a estrutura do Instituto utilizará inteligência artificial (IA) para identificar pacientes com maior risco, o que tornará o processo de triagem mais eficiente e direcionado.

Nosso propósito é integrar o cuidado respiratório, oncológico e cardiovascular em um mesmo ecossistema de prevenção e inovação. Queremos antecipar o diagnóstico antes que a doença avance e reduzir o impacto do câncer de pulmão na população”, destaca o cirurgião torácico Dr. Ricardo Sales, presidente do Instituto ProPulmão.
Casos que mostram a importância do rastreamento do câncer de pulmão

Histórias como a de Iane Cardim, 56 anos, advogada aposentada e fumante desde os 18, reforçam a urgência de um programa nacional de rastreamento. Segundo ela, a trajetória até o diagnóstico foi longa e desgastante. Mesmo com plano de saúde, Iane passou por diversos especialistas, pneumologistas, alergologistas, gastroenterologistas e cirurgião torácico, sem que nenhum solicitasse a tomografia de baixa dose, exame essencial para detectar o câncer de pulmão.

Durante meses, enfrentou sintomas como tosse persistente, gripes constantes e dores no corpo. Recebeu diagnósticos equivocados, como sinusite, e realizou vários exames, incluindo raio-x, broncoscopia, endoscopia entre muitos outros. A demora em identificar a causa real agravou o quadro, levando-a à UTI. Quando finalmente foi diagnosticada corretamente, a doença já havia avançado.

O câncer de pulmão não escolhe, mas o rastreamento correto e a tempo pode salvar muitas vidas. Se tivesse sido realizado antes, talvez eu não estivesse nessa condição hoje”, relata Iane, emocionada, atualmente em tratamento contra uma metástase óssea.

Já o caso de Roque da Silva, 62 anos, fumante desde a juventude, teve um desfecho bem diferente. Em 2023, incentivado por amigos, ele decidiu participar do Programa ProPulmão, aproveitando a passagem da Carreta da Saúde Respiratória, que realizava tomografias voltadas a fumantes e ex-fumantes.

Sem sintomas e sem plano de saúde, Roque fez o exame apenas por precaução. O resultado, porém, revelou um câncer de pulmão em estágio inicial. O diagnóstico precoce permitiu iniciar o tratamento rapidamente, garantindo uma recuperação completa. “Se não fosse a Carreta da Saúde Respiratória, talvez hoje eu não estivesse vivo”, ressalta.

Inovação e expansão nacional

Por anos, pesquisadores e instituições, como o International Early Lung Cancer Action Program, vêm defendendo modelos de rastreamento mais integrados e centrados no paciente. No entanto, poucos foram implementados em larga escala, especialmente em países com menos recursos, como o Brasil.

Na Bristol Myers Squibb Foundation, temos o compromisso de desenvolver modelos de cuidado que alcancem os pacientes onde eles estão e ampliem o acesso à detecção precoce e ao tratamento”, afirma Catharine Grimes, presidente da Fundação.

O que torna esta iniciativa especialmente notável é sua abordagem pioneira de usar uma única tomografia de baixa dose para rastrear câncer de pulmão, além de doenças cardiovasculares e respiratórias ao mesmo tempo”, complementa.

Com essa estrutura, o impacto esperado é nacional. “Esse projeto trará inúmeros benefícios à população, começando pela Bahia e, em breve, alcançando outros estados do país. Sem dúvida, é um projeto vitorioso, com grande potencial para se expandir por toda a Federação”, ressalta Dr. Evandro de Araújo Júnior, presidente da Fundação Bahiana de Cardiologia e Combate ao Câncer.
Dados reforçam a urgência do diagnóstico precoce

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o câncer de pulmão continua sendo a principal causa de morte por câncer no mundo. No Brasil, mais de 32 mil novos casos devem ser diagnosticados até o final de 2025. Desses, quase 90% são identificados em estágios avançados, quando as chances de cura são drasticamente reduzidas.

A Bahia responde por 17,9% de todos os casos registrados no país. Por outro lado, o estado ainda enfrenta desafios estruturais significativos, que aumentam a vulnerabilidade da população. Com vastas áreas rurais e remotas, a cobertura do sistema de saúde é desigual, e a maioria dos serviços oncológicos está concentrada em Salvador. Assim, pacientes do interior enfrentam longos deslocamentos e barreiras socioeconômicas para acessar o tratamento adequado.

Projeto ProPulmão: a origem da iniciativa

O Instituto ProPulmão tem origem no Projeto ProPulmão, criado em 2012 e financiado pelo PROADI-SUS, no Hospital Israelita Albert Einstein. A partir dele, consolidou-se um modelo de referência em rastreamento e cuidado integrados, que agora inspira a criação do novo Instituto.

Em parceria com a Universidade SENAI CIMATEC, o projeto implantou a Carreta da Saúde Respiratória, uma clínica móvel equipada com tomógrafo de baixa dose (LDCT). Essa unidade percorreu diversas regiões da Bahia, levando exames e diagnóstico a populações desassistidas.

Carreta da Saúde Respiratória

Graças a essa ação, foi possível ampliar o alcance do rastreamento e gerar dados inéditos sobre as populações de alto risco. “É um instrumento transformador. A carreta aproxima o diagnóstico da população e amplia o alcance das ações preventivas, sobretudo nas regiões onde o acesso é limitado”, ressalta o radiologista Dr. César de Araújo Neto, líder do ProPulmão.

Desafios e oportunidades para o rastreamento no Brasil

Enquanto muitos países já possuem programas nacionais de rastreamento do câncer de pulmão, o Brasil ainda enfrenta grandes obstáculos. Entre eles, estão a escassez de tomógrafos, a falta de integração entre as redes de cuidado e a ausência de políticas públicas consolidadas.

Esses fatores tornam o rastreamento precoce ainda mais urgente. Portanto, a ampliação de parcerias público-privadas é essencial para que regiões além dos grandes centros urbanos também tenham acesso à prevenção.

Com esse objetivo, o Instituto planeja reativar sua unidade móvel de saúde, equipada com tomógrafo e estrutura diagnóstica completa. Desse modo, o rastreamento precoce chegará a comunidades e municípios de toda a Bahia.

É uma ferramenta transformadora”, reforça o Dr. César de Araújo Neto. “A unidade móvel aproxima o diagnóstico da população e amplia o alcance das ações preventivas, especialmente em áreas com acesso limitado.”

Integração com o SUS e avanços legislativos

O avanço do rastreamento no Brasil depende também da criação de políticas públicas específicas. Atualmente, tramita no Congresso Nacional o Projeto de Lei (PL) 2550/2024, de autoria da deputada Flávia Morais, que estabelece diretrizes para a Política de Rastreamento e Diagnóstico Precoce do Câncer de Pulmão no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

O projeto propõe a criação de uma política pública nacional, com recursos e orientações voltadas à implementação do rastreamento. Assim, o acesso ao diagnóstico precoce poderá se tornar realidade em todo o país.

Além disso, o Instituto ProPulmão está estruturando um ecossistema completo de diagnóstico por imagem, que incluirá biópsias por broncoscopia e punções guiadas por tomografia ou ultrassom. “Esses procedimentos deverão ser oferecidos, em breve, a pacientes do SUS, fortalecendo uma linha de cuidado respiratório integrada e acessível”, enfatiza Dr. Ricardo Sales, presidente do Instituto.

 

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