Com o inverno em andamento, o ar seco e as temperaturas mais baixas fazem parte da rotina em várias regiões do Brasil. Esse cenário aumenta a incidência de crises respiratórias, principalmente em pessoas com histórico de rinite, asma ou sinusite.
Muitos ainda acreditam que os desconfortos são causados apenas pelo frio. No entanto, médicos apontam que dois fatores ambientais impactam diretamente a saúde das vias aéreas: a temperatura e, sobretudo, a umidade do ar.
“A umidade do ar tende a ter um impacto mais direto e significativo”, afirma a Dra. Cristiane Passos Dias Levy, otorrinolaringologista do Hospital Paulista. “Tanto a baixa quanto a alta umidade influenciam bastante, mas o ar seco, em especial, é extremamente agressivo para as vias aéreas.”

Quando o ar seca, a saúde sofre
Durante o inverno, é comum que a umidade relativa do ar fique abaixo do ideal recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é entre 40% e 60%. Em capitais como Brasília, São Paulo, Goiânia e Belo Horizonte, os índices muitas vezes caem abaixo dos 30%. Em alguns dias, podem chegar a níveis críticos, inferiores a 20%.
Com isso, o impacto na saúde é imediato. O ressecamento do ar reduz a produção de muco, que protege o nariz, a garganta e os pulmões. Com isso, a filtração de partículas e microrganismos fica comprometida.
“O ressecamento das mucosas facilita a entrada de agentes infecciosos e alérgenos. Isso aumenta os quadros de rinite, sinusite, bronquite e até infecções virais”.
Um estudo publicado na revista BMC Public Health aponta que a exposição prolongada à baixa umidade pode elevar em até 6% o risco de infecções respiratórias em crianças. O risco é ainda maior quando o ar atinge níveis críticos abaixo de 20%.

Umidade em excesso também prejudica
Se o ar seco fragiliza o organismo, o excesso de umidade não fica atrás. O problema é comum em ambientes fechados.
Locais com umidade acima de 60%, associados à pouca ventilação, favorecem a proliferação de fungos, ácaros e mofo. Esses agentes são fortes desencadeadores de crises alérgicas, como rinite e asma, especialmente entre idosos e crianças.
“Muita gente acha que só o tempo seco é prejudicial, mas a umidade alta em ambientes abafados também pode agravar quadros respiratórios.”
Frio: o fator que agrava em silêncio
A temperatura, mesmo com efeito menos direto que a umidade, também contribui para o aumento de doenças respiratórias. O risco cresce principalmente nos dias mais frios. O ar gelado provoca vasoconstrição nasal, aumenta a produção de muco e resseca ainda mais as mucosas. Isso favorece o desenvolvimento de gripes, resfriados e sinusites.
Outro agravante é o comportamento das pessoas durante o frio. Ambientes fechados e pouco ventilados tornam-se mais frequentes, o que facilita a transmissão de vírus respiratórios.
Pesquisas mostram que, a cada queda de 1 °C na temperatura, os casos de infecções respiratórias podem subir cerca de 4%. Em pacientes asmáticos, o impacto é ainda maior.
Como proteger o sistema respiratório
Por fim, para quem sofre com alergias respiratórias ou deseja evitar complicações, cuidar do ambiente é essencial. Portanto, a orientação médica é manter a umidade do ar dentro da faixa adequada, hidratar as vias respiratórias com soro fisiológico e preservar os ambientes limpos, arejados e sem poeira.
“A saúde respiratória está diretamente ligada ao ar que a gente respira. Pequenas mudanças no ambiente podem fazer grande diferença para quem sofre com alergias”, reforça a Dra. Cristiane Passos Dias Levy.
Dicas práticas para dias frios e quentes
• Mantenha a umidade do ar entre 40% e 60%;
• Use umidificadores ou toalhas úmidas em ambientes fechados;
• Beba bastante água durante o dia;
• Hidrate as vias respiratórias com soro fisiológico;
• Ventile os cômodos, mesmo em dias frios;
• Evite carpetes, cortinas e objetos que acumulam poeira.
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