Mais de 6,5 milhões de pessoas no Brasil têm algum tipo de deficiência visual, segundo os dados mais recentes do Censo Demográfico de 2022, divulgados em maio de 2025 pelo IBGE. Cerca de 75% dessas ocorrências poderiam ser evitadas, com prevenção e tratamento adequado, de acordo com o levantamento da Organização Mundial de Saúde (OMS). Isso inclui acesso a exames oftalmológicos, correção de erros refrativos, cirurgias de catarata e controle de doenças como diabetes e glaucoma.
A prevenção é o primeiro passo para garantir uma visão saudável
No Brasil, o teste do olhinho ou teste do reflexo vermelho, é obrigatório desde 2010. Feito em recém-nascidos, nas primeiras 72 horas de vida – ainda na maternidade – ou na primeira consulta pediátrica – o exame avalia se a luz refletida pela retina do bebê tem uma coloração avermelhada, sinal de que as estruturas internas do olho estão saudáveis. Se os reflexos estiverem esbranquiçados, ausentes ou assimétricos podem indicar doenças. Para a pediatra Lyana Almeida, professora da UnexMED Jequié, “o teste do olhinho é simples, rápido e indolor e deve ser feito para detectar precocemente as doenças que podem comprometer o desenvolvimento da visão”, defende.
Ainda de acordo com a especialista, “mesmo que não haja motivo aparente, o médico oftalmologista deve ser consultado desde a infância, para corrigir problemas simples de refração ou problemas mais sérios, como a ambliopia, por exemplo, em que o cérebro passa a ignorar os estímulos visuais do olho afetado. A criança nem sempre se queixa, por isso, é necessário fazer um teste de acuidade para detectar o problema. Os pais e os educadores precisam ficar atentos”, explica.
Segundo a professora da UnexMED Jequié, o sistema visual humano se desenvolve intensamente nos primeiros anos de vida. Os tratamentos feitos neste período – antes da maturação completa – que ocorre aos 10 anos de idade, têm muito mais chances de sucesso. Após essa fase, o cérebro já está mais resistente a mudanças.
“Não é impossível tratar, mas é bem mais desafiador. Dormir bem e evitar ficar durante muito tempo em ambientes fechados, em frente a computadores e smartphones, também contribuem para melhorar a saúde ocular das crianças, além de evitar problemas futuros”, completa.

Negligência pode causar cegueira
Um número significativo de pessoas ainda negligencia a saúde ocular, mesmo sabendo que a maior parte das informações são captadas pelos olhos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Agência Internacional para Prevenção da Cegueira (IAPB) atuam juntas para conscientizar e prevenir a sociedade sobre as consequências de não cuidar da visão.
Segundo o Relatório Mundial sobre a Visão da OMS, atualizado em 2025, mais de 2,2 bilhões de pessoas têm deficiência visual, mais de 1 bilhão tem baixa visão e 39 milhões são cegas. Se houvesse acesso adequado aos cuidados com a saúde ocular, como exames oftalmológicos, óculos, cirurgias e controle de doenças crônicas como diabetes, 80% dos casos poderiam ser evitados ou tratados A eliminação da cegueira impacta significativamente na qualidade de vida e no desenvolvimento humano, social e econômico.
Cuidados para manter a saúde ocular
Para detectar precocemente as doenças da visão é preciso consultar periodicamente o médico. Além disso, é imprescindível manter uma alimentação saudável com a ingestão de frutas, vegetais e peixes; não fumar; não deixar maquiagem na região dos olhos; usar óculos de sol com proteção UV e óculos de segurança em atividades de risco; usar colírios lubrificantes – prescrito pelo oftalmologista – especialmente em climas seco; e evitar a exposição prolongada a telas de computadores e celulares.
Os raios ultravioletas (UV) ocasionam a morte de células da retina, causam catarata e reduzem a visão. Coçar os olhos ocasiona irritações, alergias e ceratocone, doença que aumenta a curvatura da córnea de forma irregular, tornando-a mais fina e protuberante, causando visão distorcida. Os sintomas incluem o surgimento de miopia ou astigmatismo, visão borrada, embaçada, com alta sensibilidade à luz.
Doenças mais comuns
Conjuntivite: é provocada pela Inflamação da membrana conjuntiva que reveste a parte branca do olho e o interior das pálpebras. Causa irritação, ardência, embaçamento, coceira, lacrimejamento e secreções;
Catarata: opacificação do cristalino, lente natural do olho, que deixa a visão embaçada e com sensibilidade à luz. Pode levar à cegueira;
Glaucoma: aumento da pressão ocular, com danos ao nervo óptico. Há uma perda gradual da visão periférica e, se não tratada, pode causar perda permanente da visão. A doença é silenciosa. O paciente pode não sentir dor ou qualquer outro sintoma;
Erros de Refração (Miopia, Hipermetropia, Astigmatismo, Presbiopia): a luz não se concentra corretamente na retina e dificulta a visão, tanto de longe quanto de perto.
Estrabismo: Visão desalinhada. Cada olho aponta para uma direção diferente. Causa desconforto e pode evoluir para a ambliopia.