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Foto: Freepik

Do cheiro doce ao pulmão doente: perigos do vape entre jovens

CIGARRO ELETRÔNICO

O cigarro eletrônico pode causar danos pulmonares permanentes. Saiba como a fisioterapia respiratória melhora a oxigenação, reduz a inflamação e fortalece os pulmões.

Tempo de Leitura: 3 minutos

Coloridos, com cheiro doce e design atrativo, os cigarros eletrônicos ganharam espaço como alternativa ao cigarro tradicional. Porém, por trás da estética lúdica e dos sabores artificiais, o vape carrega substâncias capazes de desencadear doenças respiratórias graves. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde Escolar mostram que quase 23% dos escolares entre 13 e 17 anos já fumaram cigarro uma vez na vida, e quase 17% já haviam experimentado cigarro eletrônico.

Rafaella Carvalho da Silva, professora de Fisioterapia do Centro Universitário de Brasília (CEUB) e especialista em Fisioterapia Cardiorrespiratória, alerta para o aumento de atendimentos a jovens com queixas como tosse persistente, chiado no peito e cansaço ao menor esforço, além de sequelas que podem ser irreversíveis.

Mesmo sem nicotina, os componentes do vapor são agressivos, irritam e inflamam as vias respiratórias, danificam as células dos pulmões e acabam comprometendo a respiração. Segundo a especialista, isso é ainda mais preocupante quando se fala de adolescentes, pois o pulmão ainda está em fase de desenvolvimento. Ela observa que muitos jovens já apresentam sintomas típicos de doenças pulmonares crônicas, algo que antes era comum apenas em adultos fumantes com muitos anos de exposição.

Embora pareça menos nocivo que o cigarro tradicional, o cigarro eletrônico também compromete a saúde pulmonar. “O vapor aquecido contém substâncias químicas, aromatizantes, micropartículas e até metais pesados que, ao entrarem em contato com os pulmões, geram inflamação e danos celulares permanentes”, afirma a fisioterapeuta.

Segundo a docente, a presença da nicotina, quando existente, potencializa os danos ao organismo – já que, além do vício, ela aumenta os riscos cardiovasculares, como acidente vascular encefálico (AVE) e tromboembolismo pulmonar (TEP). No entanto, mesmo os dispositivos livres de nicotina continuam sendo nocivos ao pulmão: “A ausência da nicotina não elimina os riscos. Os danos nas vias aéreas podem acontecer com ou sem a substância”.

Entre os sinais que podem indicar prejuízo à função pulmonar, estão: tosse crônica, chiado no peito, produção excessiva de muco e sensação de falta de ar em atividades leves. “Muitos jovens relatam que passaram a se sentir mais cansados, com dificuldade para subir escadas ou praticar esportes que antes faziam com facilidade”, revela a professora. Embora não reverta completamente os danos estruturais, a fisioterapia respiratória busca reabilitar a função pulmonar e aliviar os sintomas.

De acordo com a resolução do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Coffito), o fisioterapeuta respiratório pode aplicar métodos, técnicas e recursos de expansão pulmonar, remoção de secreção pulmonar, fortalecimento muscular respiratório, recondicionamento cardiorrespiratório e suporte ventilatório.

 

Utilizamos exercícios respiratórios para melhorar a oxigenação, reduzir a inflamação e fortalecer os músculos respiratórios. Também ajudamos no manejo do estresse e da ansiedade durante o processo de abandono do vape”, explica. Em quadros mais graves, como a bronquiolite obliterante – doença pulmonar rara, mas já associada ao uso do cigarro eletrônico -, a fisioterapia é complementar ao tratamento médico, buscando aumentar a eficiência respiratória e reduzir o impacto das crises.

Prevenção começa com informação
Rafaella alerta sobre o perfil crescente de jovens que chegam ao consultório com sintomas respiratórios provocados pelo vape. “Muitos começaram a usar por achar que era inofensivo. O problema é que, por serem jovens, demoram a perceber os danos. Isso só agrava a situação e aumenta o risco de lesões permanentes”, aponta.
Para a especialista, o combate ao uso precoce deve começar em casa e nas escolas.

“É essencial desmistificar a ideia de que o cigarro eletrônico é seguro ou menos nocivo. Pais, professores e profissionais de saúde precisam estar bem informados e ser multiplicadores de conhecimento, apresentando dados científicos de forma clara, acessível e próxima da realidade dos jovens”, finaliza a docente.

Sinais de alerta sobre tabagismo entre os jovens:

1. 22,6% dos estudantes entre 13 e 17 anos já fumaram cigarro ao menos uma vez
2. 11% experimentaram o cigarro comum pela primeira vez antes dos 14 anos
3. Nessa faixa etária, 26,9% já haviam experimentado narguilé no Brasil. Em São Paulo foram 45,9%, o quarto estado com mais incidência
4. Dos alunos entre 13 a 17 anos, 16,8% já haviam experimentado cigarro eletrônico. A maior parte (22,7%) entre 16 e 17 anos
5. 80% dos jovens entre 18 e 34 anos já consumiram cigarros eletrônicos ao menos uma vez; na faixa dos 18 anos aos 24 anos, um em cada cinco jovens já fez uso do dispositivo
6. 2,3% da população brasileira faz uso dos cigarros eletrônicos.

Fonte: Pesquisa Nacional de Saúde Escolar e Revista Fapesp

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