Cerca de 10 milhões de brasileiros e mais de 500 milhões de pessoas em todo o mundo são afetadas pela osteoporose, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A doença provoca a diminuição da densidade óssea, deixa os ossos mais frágeis e aumenta significativamente o risco de fraturas, especialmente entre idosos.
Silenciosa, a osteoporose muitas vezes pode passar despercebida, o que a torna ainda mais arriscada: estima-se que 80% das pessoas que convivem com a condição não sabem que a têm.
Pensando nisso, o Dr. Fabiano Latrilha, geriatra do CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”, responde as principais dúvidas sobre o tema:
COMSAÚDE – Quais são os sintomas mais comuns?
Fabiano Latrilha – Alguns dos sintomas mais comuns são a diminuição da força para segurar e levantar objetos com as mãos, redução da altura corporal, dor nas costas, formigamento nas pernas, dor no pescoço e restrição da mobilidade.
COMSAÚDE – A pessoa sempre vai sentir esses sintomas?
Fabiano Latrilha – Não! Na maioria das vezes, a osteoporose é assintomática. Por isso, é essencial que os pacientes que se enquadrem nos critérios de rastreamento já comecem o tratamento antes da primeira fratura, para assim, evitarem maiores impactos.
COMSAÚDE – É verdade que as mulheres sofrem mais?
Fabiano Latrilha – Sim! O esqueleto acumula massa óssea até por volta dos 30 anos, sendo que essa massa é maior nos homens do que nas mulheres. A partir dessa idade, há uma perda gradual de 0,3% de massa ao ano.
Nas mulheres, essa perda é mais acentuada nos primeiros dez anos após a menopausa, especialmente nas que são sedentárias. Isso ocorre porque o hormônio estrogênio, que estabiliza o metabolismo ósseo, diminui após a menopausa, tornando as mulheres mais vulneráveis à perda de massa óssea.
COMSAÚDE – Existem grupos de risco?
Fabiano Latrilha – Sim, existem. Além das mulheres, principalmente aquelas que estão na fase da menopausa, outros grupos de risco incluem pessoas com idade superior a 65 anos, indivíduos de raça branca ou asiática, pessoas com baixo peso ou Índice de Massa Corporal (IMC), aqueles com histórico familiares da doença, indivíduos que sofreram perda de altura superior a 3 cm e homens com mais de 70 anos.
COMSAÚDE – É possível prevenir a osteoporose?
Fabiano Latrilha – Sim, a prevenção da osteoporose pode ser feita a partir de vários cuidados no dia a dia, como a prática regular de exercícios físicos; uma alimentação rica em cálcio; manutenção de níveis adequados de vitamina D; evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool e fazer exames de densitometria óssea, caso a pessoa faça parte de algum dos grupos de risco.
COMSAÚDE – A osteoporose tem cura?
Fabiano Latrilha – Infelizmente a osteoporose não tem cura, mas pode ser tratada e gerenciada para reduzir o risco de fraturas, retardar a perda de massa óssea e fortalecer os ossos.
COMSAÚDE – Existem medicamentos para o tratamento?
Fabiano Latrilha – Sim, existem. Hoje temos os bifosfonatos e os moduladores seletivos dos receptores de estrogênio, que também são usados no tratamento da osteoporose.
COMSAÚDE – Além da medicação, o que mais pode amenizar os sintomas?
Fabiano Latrilha – Evitar o consumo excessivo de café, gorduras e álcool, expor-se ao sol de forma moderada, consumir verduras de folhas escuras e praticar atividades físicas podem ajudar a amenizar os sintomas.
COMSAÚDE – A musculação pode ajudar? Se sim, como?
Fabiano Latrilha – Sim, a musculação pode ajudar no tratamento da osteoporose, pois a atividade física cria tensão nos músculos e ossos, o que contribui para o aumento da densidade óssea e fortalecimento dos ossos.
COMSAÚDE – Há outros exercícios recomendados para quem sofre da doença?
Fabiano Latrilha – Além da musculação, a pessoa pode fazer outras atividades. A dança, por exemplo, não só proporciona um bom treino cardiovascular, mas também melhora a coordenação e o equilíbrio. Subir escadas é outra atividade eficaz que pode ajudar a fortalecer os ossos no dia a dia. Sem esquecer as caminhadas regulares e hidroginástica, que são opções fantásticas.
Médico com especializações em Geriatria e Medicina de Família. Desde 2004, atua no Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” (CEJAM) como Supervisor do Programa Saúde da Família (PSF). Trabalha em Instituições de Longa Permanência para Idosos.