Entrevista

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O que é whey protein e por que está em alta nas dietas

Médico pós-graduado em Nutrologia pela ABRAN (Associação Brasileira de Nutrologia) e pós-graduando em Metabolômica pela Academia Brasileira de Medicina Funcional Integrativa. Atua com foco em emagrecimento, saúde hormonal, saúde intestinal e medicina de precisão. Fundador da Clínica Versio, localizada em Vitória (ES), é especialista em transformar dados clínicos, como genética, microbiota e hipersensibilidades alimentares, em estratégias de tratamento personalizadas, com foco em resultados reais e sustentáveis.

Tempo de Leitura: 5 minutos

O mercado de suplementos alimentares segue em expansão no Brasil, e o whey protein tem se destacado nesse crescimento. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (ABIAD), o consumo de alimentos para fins especiais cresceu 11,5% no primeiro trimestre de 2025, impulsionado principalmente por proteínas e vitaminas. Dados da Interplayers também apontam um aumento de 37% nas vendas de suplementos entre março de 2024 e fevereiro de 2025.

Mas, afinal, o que é o whey protein e por que ele ganhou tanto espaço nas dietas? Produzido a partir da proteína do soro do leite, o suplemento pode ser encontrado nas versões concentrado, isolado e hidrolisado, cada uma com características específicas de absorção e teor proteico. Ele é indicado tanto para praticantes de atividade física quanto para pessoas que precisam de suporte nutricional em situações clínicas.

Entre os benefícios mais citados estão a recuperação muscular, o ganho de massa magra e o auxílio em dietas para perda de peso ou manutenção da saúde metabólica. No entanto, os médicos reforçam que o consumo deve ser orientado por profissionais, já que o uso inadequado pode não trazer os resultados esperados.

Confira a entrevista com Dr. Danilo Almeida, médico pós-graduado em Nutrologia pela Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) e pós-graduando em Metabolômica pela Academia Brasileira de Medicina Funcional Integrativa.

COMSAÚDE – O que exatamente é o whey protein e como ele é produzido?

Danilo Almeida – Whey protein é a proteína do soro do leite. Quando o leite é coagulado para produzir queijos, separa-se a fração sólida (caseína) do soro líquido, que é naturalmente rico em proteínas de alto valor biológico. Esse soro passa por etapas de filtragem para concentrar as proteínas e reduzir lactose, gorduras e impurezas, e depois é desidratado até virar pó. O resultado é uma proteína de digestão rápida, com alta concentração de aminoácidos essenciais,especialmente leucina, determinante para acionar a síntese de proteína muscular.

COMSAÚDE – Quais são as principais diferenças entre os tipos de whey (concentrado, isolado e hidrolisado) e em quais situações cada um é indicado?

Danilo Almeida – A diferença está no grau de purificação e na forma como a proteína chega até você. O concentrado costuma ter algo em torno de 70% a 80% de proteína e preserva um pouco mais de lactose e gordura, sendo uma opção versátil e com melhor custo-benefício para quem não tem sensibilidade à lactose. O isolado tem teor proteico mais alto e uma remoção mais agressiva de lactose e gordura; por isso, é preferido por quem busca digestão mais leve, menor teor de carboidratos ou tem alguma sensibilidade à lactose. Já o hidrolisado passa por uma “pré-digestão” enzimática que quebra a proteína em peptídeos menores. Isso tende a acelerar a absorção e reduzir desconfortos gastrointestinais, sendo útil em protocolos de alto rendimento, no pós-operatório ou em cenários de tolerância digestiva mais delicada. Em termos práticos, a escolha depende do objetivo, do orçamento, da tolerância individual e, claro, da orientação médica e nutricional.

COMSAÚDE – O whey protein é indicado apenas para atletas ou pode trazer benefícios também para pessoas sedentárias ou com outras condições de saúde?

Danilo Almeida – Não é um suplemento exclusivo de atletas. Por ser uma fonte completa e prática de proteína, ele pode ajudar pessoas com dificuldade de atingir a meta proteica diária, seja por rotina corrida, pouco apetite em determinados horários ou preferências alimentares. Idosos, por exemplo, se beneficiam do aporte de proteína para prevenir ou tratar perda de massa muscular (sarcopenia).

Pacientes em recuperação de cirurgias ou doenças, que frequentemente têm demanda proteica aumentada, também podem se beneficiar da praticidade do whey. Para vegetarianos que consomem laticínios, ele é uma alternativa eficiente de proteína de alta qualidade. Sempre vale reforçar: é um complemento da alimentação, não substituto de refeições completas.

COMSAÚDE – De que forma o suplemento pode auxiliar no processo de emagrecimento e no ganho de massa magra?

Danilo Almeida – No emagrecimento, a proteína contribui de três formas principais: aumenta a saciedade, eleva levemente o gasto calórico da digestão (efeito térmico) e ajuda a preservar a massa magra durante o déficit calórico — e preservar músculo é fundamental para manter o metabolismo mais ativo. Já para o ganho de massa, o whey fornece rapidamente os aminoácidos essenciais, com dose adequada de leucina por porção, o que facilita acionar a síntese proteica muscular após o treino. O impacto é maior quando o consumo de proteína total do dia está adequado, há estímulo de treino de força e o sono é de boa qualidade.

COMSAÚDE – Existem benefícios do whey protein para grupos específicos, como idosos, pacientes em recuperação ou pessoas com déficit nutricional?

Danilo Almeida – Sim. E nestes grupos específicos, a recomendação médica é obrigatória. Em idosos, de maneira geral, fracionar 20 a 30 gramas de proteína de qualidade em alguns momentos do dia é uma estratégia eficaz contra a perda muscular, e o whey facilita esse fracionamento.

Em pós-operatório ou reabilitação de lesões, quando a demanda por proteína sobe e o apetite muitas vezes cai, ele ajuda a alcançar metas proteicas com praticidade. Em quadros de déficit nutricional, o whey pode elevar rapidamente a ingestão de proteína de alto valor biológico, sempre como parte de um plano alimentar abrangente.

COMSAÚDE – Quais são os erros mais comuns que as pessoas cometem ao consumir whey protein sem orientação profissional?

Danilo Almeida – Os deslizes mais frequentes são tratar o whey como substituto de refeições completas, empobrecendo a dieta em fibras, vitaminas e minerais; focar apenas no “pós-treino” e ignorar a meta proteica total do dia; usar doses muito pequenas que não atingem o “gatilho” de leucina ou, no extremo oposto, exagerar nas porções, somando calorias desnecessárias; insistir em versões com lactose quando há intolerância; e não ler rótulos, caindo em produtos com açúcares adicionados, misturas pouco transparentes ou qualidade questionável. Também é comum esperar que o suplemento compense falta de treino de força ou sono ruim — e isso ele não faz.

COMSAÚDE – Há riscos no consumo excessivo de whey protein? Quem deve evitar ou ter mais cautela no uso?

Danilo Almeida – Em adultos saudáveis, usar whey dentro das metas diárias de proteína é, em geral, seguro. Exageros podem causar desconforto gastrointestinal, aumentar calorias sem perceber e deslocar outros nutrientes importantes da dieta. Pessoas com doença renal ou hepática, gestantes, lactantes e menores de 18 anos devem usar apenas com orientação profissional. Alérgicos à proteína do leite não devem usar whey; já intolerantes à lactose tendem a se dar melhor com versões isoladas ou hidrolisadas (ou produtos isentos de lactose). Em qualquer cenário, hidratação, dieta equilibrada e acompanhamento são parte do pacote.

COMSAÚDE – O que deve ser observado na hora de escolher um whey protein no mercado, já que existem tantas marcas e variações?

Danilo Almeida – Um whey de qualidade tem no mínimo 70% de proteína na dose (Exemplo: pelo menos 21g de proteína em uma dose de 30g do produto); e deve ter mais de 2000 mg de leucina por dose. Escolha o tipo conforme seu perfil: concentrado para a maioria das pessoas sem sensibilidade à lactose; isolado para quem quer teor mais alto de proteína e menor lactose; hidrolisado quando a digestão superleve é prioridade. Prefira listas de ingredientes mais curtas, sem excesso de açúcares; e desconfie de “blends proprietários” sem percentuais claros. Considere também a sua tolerância a adoçantes e espessantes, e um detalhe que faz diferença na adesão: sabor e solubilidade. Se o produto não agradar, a chance de você usar com regularidade cai e, sem constância, não há resultado.

 

 

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