Agosto Dourado é o mês dedicado à conscientização sobre a importância da amamentação, prática recomendada de forma exclusiva até os seis meses de vida do bebê. A campanha tem como objetivo estimular o aumento das taxas de aleitamento materno, em uma mobilização apoiada por diversas entidades de saúde no mundo todo.
Segundo a Dra. Tania Perini, especialista em Nutrologia Pediátrica e docente dos cursos de pós-graduação da ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia, o leite materno é capaz de reduzir em até 13% as mortes por causas evitáveis em crianças menores de cinco anos, ao protegê-las de doenças como diarreia, infecções respiratórias, alergias e ainda reduzir riscos futuros — como hipertensão, dislipidemias, diabetes e obesidade.
Além da nutrição, o ato de amamentar fortalece o vínculo entre mãe e filho, dando continuidade à conexão iniciada na gestação. Nos primeiros dias de vida, esse contato direto é essencial para o desenvolvimento emocional e a adaptação do bebê ao novo ambiente, fora do útero.
“O leite materno é o alimento mais completo para o bebê. Não existe nenhum alimento 100% equivalente em complexidade nutritiva. Ele supre todas as necessidades da criança, em macro e micronutrientes, favorecendo a boa nutrição e fortalecendo a imunidade”, explica a Dra. Tania Perini
Confira a entrevista, com as principais dúvidas.
COMSAÚDE – Até quando amamentar?
Tania Perini – De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o UNICEF, o aumento da amamentação exclusiva, até o sexto mês, salva cerca de seis milhões de crianças todos os anos. Após essa fase, recomenda-se iniciar a alimentação complementar, devendo manter o aleitamento até os dois anos ou mais, conforme a necessidade e vontade da criança.
COMSAÚDE – Ainda há resistência em amamentar?
Tania Perini – Sim. Mesmo entre mães saudáveis e com disponibilidade, a decisão de amamentar é pessoal. O incentivo do cônjuge e demais familiares torna a tarefa mais leve, especialmente nos primeiros dias, quando pode ser desafiadora, tanto para a mãe quanto para o bebê. A orientação de um profissional pode tornar esse processo mais tranquilo e prazeroso.
COMSAÚDE – Quando recorrer às fórmulas infantis?
Tania Perini – O uso de fórmulas é indicado quando a amamentação não é possível — por motivos de saúde materna ou do próprio bebê (como algumas doenças raras), por exemplo. Em casos específicos, como infecção pelo HIV, o leite materno não é recomendado. Então as fórmulas são a alternativa segura até o primeiro ano de vida.
COMSAÚDE – Como deve ser feita a introdução alimentar?
Tania Perini – A alimentação complementar deve começar em torno dos seis meses de vida. Esse processo ajuda a criança a desenvolver a percepção de fome, saciedade e a estabelecer uma rotina alimentar. Assim, a mãe consegue identificar melhor as necessidades nutricionais do bebê.
COMSAÚDE – O leite materno perde valor nutricional com o tempo?
Tania Perini – Após os seis meses, o leite materno exclusivo não é mais suficiente para suprir todas as necessidades nutricionais da criança, não por perder valor, mas pelo aumento da demanda do lactente,sendo necessária a introdução de alimentos de todos os grupos. Frutas e outros itens devem ser incluídos para garantir calorias,fibras e demais nutrientes essenciais ao crescimento e desenvolvimento.