A campanha, inspirada no Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa, celebrado em 15 de junho — data instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) — convida a sociedade a refletir sobre o valor da vida em todas as suas etapas, destacando a necessidade de respeito à autonomia, acesso à saúde de qualidade, cuidado humanizado e fortalecimento dos vínculos afetivos e sociais.
Com esse objetivo, a Polícia Civil da Bahia, por meio da Delegacia Especial de Atendimento ao Idoso (DEATI) e do Departamento de Proteção à Mulher, Cidadania e Pessoas Vulneráveis (DPMCV), promove a Iª Caminhada Viver sem Violência, reunindo profissionais de saúde, pessoas idosas e familiares. A concentração será às 9h, com saída no trecho entre o Farol da Barra e o Cristo, em Salvador.
Para a terapeuta ocupacional Joice Paixão, conselheira do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 7ª Região (CREFITO-7) e com mais de 20 anos de atuação com pessoas idosas, proteger também é cuidar da saúde física, emocional e social dessa população:
“Cuidar é mais do que evitar a violência. É garantir que a pessoa idosa tenha acesso a saúde, bem-estar, liberdade e qualidade de vida. É permitir que ela sorria, se movimente, viaje, tenha amigos e participe ativamente da sociedade com segurança e dignidade”, afirma Joice Paixão.
A Casa Reconnect Sênior e o Instituto Baiano de Gerontologia (InGeronto) — grupo dedicado ao estudo e à promoção do envelhecimento saudável, formado por profissionais capacitados e com ampla experiência no atendimento domiciliar à pessoa idosa — lançarão amanhã um e-book com informações educativas e orientações para a população. De acordo com o fisioterapeuta Igor Pinheiro, proprietário da InGeronto, a iniciativa faz parte do compromisso da instituição com um envelhecimento digno e protegido.
“A violência contra a pessoa idosa representa uma grave violação dos direitos humanos e exige uma resposta imediata de toda a sociedade. Construir uma cultura de respeito à velhice, assegurar ambientes seguros, fortalecer os laços familiares e sociais e reconhecer o valor das pessoas idosas são ações essenciais para mudar esse cenário”, enfatiza Igor Pinheiro.
E-Book – Seu papel na prevenção é fundamental
De acordo com os dados contidos no e-book, o número de casos de violência contra idosos é alarmante e, em muitos casos, acontece dentro de casa, praticada por familiares ou cuidadores. Também pode ocorrer em instituições como abrigos, hospitais e, até mesmo, em ambientes públicos.
A violência pode ser física, psicológica, financeira ou ocorrer por negligência, como quando há omissão de cuidados essenciais — alimentação, higiene, medicamentos e acompanhamento médico.Segundo o Ministério dos Direitos Humanos, a negligência é uma das formas mais recorrentes de violência no Brasil. Mas não é a única. Veja os principais tipos:
Violência física: agressões como tapas, empurrões e contenções forçadas.
Violência psicológica: humilhações, ameaças, gritos e isolamento social.
Negligência: omissão de cuidados essenciais, como alimentação, higiene, administração de medicamentos ou acompanhamento médico.
Violência financeira: uso indevido de cartões, retenção de aposentadoria e coação para assinatura de documentos.
Exemplos práticos de negligência incluem: Deixar o idoso sozinho por longos períodos sem supervisão adequada; não oferecer os medicamentos prescritos corretamente; recusar atendimento médico por conveniência ou descaso; Ignorar sinais de dor, depressão ou sofrimento emocional; negligenciar higiene íntima ou trocas de fraldas em idosos dependentes.
Muitas vezes, a violência acontece de forma silenciosa e passa despercebida, o que reforça a importância de estar atento a sinais como isolamento repentino, mudanças de comportamento, lesões inexplicáveis e movimentações financeiras suspeitas.
Além de reconhecer os sinais, é fundamental assegurar que os direitos das pessoas idosas sejam respeitados. Leis como o Estatuto da Pessoa Idosa (Lei nº 10.741/2003), a Política Nacional do Idoso (Lei nº 8.842/1994) e, quando aplicável, a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) oferecem amparo legal para a proteção dessa população. No entanto, é a atitude cotidiana de familiares, vizinhos e profissionais que realmente faz a diferença.
Você pode e deve denunciar!
Em caso de suspeita de violência, a denúncia é fundamental.
Disque 100: canal nacional gratuito e anônimo
CREAS: Centro de Referência Especializado de Assistência Social
Ministério Público: Promotorias de Defesa do Idoso
Delegacias especializadas ou comuns
Seja um elo de proteção, respeito e cuidado. Diga não à violência e sim à dignidade em todas as fases da vida!.