O Agosto Laranja, mês de conscientização sobre a esclerose múltipla (EM), tem seu ponto alto no Dia Nacional de Conscientização sobre a Esclerose Múltipla, em 30 de agosto. A data reforça a necessidade de ampliar o conhecimento da população sobre a doença, incentivar o diagnóstico precoce e valorizar o acesso a tratamentos inovadores baseados em evidências médicas atuais. Também ressalta o papel fundamental dos serviços hospitalares especializados.
Portanto, no Brasil, estima-se que cerca de 40 mil pessoas vivem com esclerose múltipla, com prevalência média de 8,7 casos por 100 mil habitantes.
O que é a esclerose múltipla?
A esclerose múltipla é uma doença autoimune crônica que afeta o sistema nervoso central. Entre os sintomas mais comuns estão alterações visuais, fraqueza muscular, alterações de sensibilidade e dificuldades cognitivas.
Embora ainda não haja cura, existem diversas terapias modificadoras da doença que reduzem surtos e retardam a progressão das incapacidades. Atualmente, algumas terapias de alta eficácia conseguem silenciar a doença e estabilizar as lesões por anos.

Diagnóstico precoce é essencial
De acordo com a neuroimunologista Larissa Teixeira, do Hospital Mater Dei Salvador (HMDS), o diagnóstico assertivo e precoce é fundamental. Ele é realizado por meio de avaliação clínica detalhada, exame físico, ressonância magnética e outros exames, como a análise do líquido cefalorraquidiano.
“A partir da exclusão de outras doenças confundidoras, deve-se iniciar sem demora o tratamento indicado — seja especificamente para o momento de um surto ou já para evitar o surgimento futuro de nova atividade da doença“, explica a médica.
Tratamento e qualidade de vida
Portanto, o objetivo do tratamento é manter a autonomia, prevenir incapacidades e preservar a qualidade de vida a longo prazo.
“O tratamento não se limita ao remédio: é necessária reabilitação, suporte psicológico e abordagem conjunta com neurologia, reumatologia e fisioterapia“, afirma o neurologista Jamary Filho, coordenador do Serviço de Neurologia do HMDS.
No hospital, os serviços de infusão de medicamentos para EM contam com infraestrutura especializada e equipe qualificada. “Nosso foco é a administração segura de terapias, com monitoramento rigoroso e acompanhamento próximo do paciente“, completa Jamary.

Protocolos individualizados
Já para o neurologista Ricardo Alvim, também do HMDS, “os protocolos devem priorizar a minimização de riscos e a otimização dos resultados em cada sessão, proporcionando confiança e eficácia ao tratamento”.
Contudo, a escolha do tratamento de manutenção é individualizada e depende do tipo da doença, remitente-recorrente, progressiva primária ou secundária, da gravidade dos surtos e da resposta a terapias anteriores.
Em suma, a decisão deve ser compartilhada entre médico e paciente, considerando comorbidades, estilo de vida e facilidade de acesso à medicação. “Atualmente, existem mais de 15 medicamentos aprovados no Brasil, com diferentes vias de administração, oral, subcutânea e intravenosa, e que atuam modificando o curso da doença e controlando a inflamação imunomediada“, ressalta Alvim.
Importância do cuidado multidisciplinar
Por fim, segundo Larissa Teixeira, o manejo clínico deve ser centralizado nas queixas, demandas e sintomas de cada paciente, exigindo suporte de uma equipe multidisciplinar.
“Em conjunto, essa equipe cuida do paciente de forma integral, ajudando-o a conviver com a Esclerose Múltipla e, muito mais, a viver de forma plena, para além da doença“.
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