Segundo informações da Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG), cerca de 70% das pessoas afetadas por glaucoma desconhecem que possuem a condição. O glaucoma, cujo início é silencioso, representa a principal causa de cegueira irreversível no Brasil, podendo afetar mais de dois milhões de brasileiros com mais de 40 anos, de acordo com dados da SBG.
Para se ter uma ideia da importância de tratar o glaucoma, segundo dados levantados pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), só na rede pública de saúde, entre janeiro de 2019 e fevereiro de 2023, mais de 1,3 milhão de pacientes com diagnóstico de glaucoma foram salvos da cegueira por receberem o tratamento adequado. Como a doença, normalmente, demora a apresentar sinais, a melhor forma de se proteger dela é realizando um check-up oftalmológico no mínimo uma vez por ano.
A doença afeta a visão das laterais para o centro do olho e por isso o indivíduo não percebe que há algo errado, podendo se dar conta apenas quando até 60% do nervo ótico já estiver destruído. Fatores como histórico familiar de casos, diabetes, hipertensão, miopia e uso de medicamentos à base de corticóides aumentam a propensão ao glaucoma.
O médico oftalmologista do CBCO Hospital de Olhos, Dr. Henrique Rocha explica como a doença age. “O glaucoma é uma doença degenerativa causada pelo aumento da pressão intraocular que provoca lesões no nervo óptico. Essa pressão precisa ser controlada para cessar o prejuízo à visão. Para isso, podem ser recomendados colírios, laser e/ou cirurgias, a depender do tipo e do estágio da doença”, orienta o médico.
No mundo, de acordo com a SBG, há pelo menos 3,6 milhões de cegos e 4,1 milhões de indivíduos com deficiência visual moderada a grave devido ao glaucoma. Estima-se que 2040, o número de pessoas com glaucoma em todo o planeta chegará a 114 milhões. De 1% a 2% da população terá a doença.
Apesar da gravidade do problema, de acordo com um levantamento realizado pelo Ibope Inteligência, quatro em cada dez pessoas nem sabem o que é glaucoma. O índice chega a 53% entre jovens com idade entre 18 a 24 anos e a 71% entre adultos com 55 anos ou mais. A falta de sintomas perceptíveis e o desconhecimento sobre o assunto atrasam o diagnóstico e impedem tratamento precoce, que poderia evitar a perda da visão.
Diagnóstico
O Glaucoma é uma doença que deve ser diagnosticada precocemente, uma vez que quanto mais cedo for detectada e os cuidados forem introduzidos, maiores as chances de mantê-la sob controle. Por isso, é recomendado que pacientes façam visitas regulares a oftalmologistas. Além disso, ao realizarem exames preventivos, é possível identificar outras doenças assintomáticas.
“É fundamental que a população esteja ciente dos riscos e das opções de tratamento disponíveis. O glaucoma pode ser silencioso e levar à perda irreversível da visão, mas quando diagnosticado precocemente e tratado adequadamente, é possível preservar a visão e manter uma boa qualidade de vida“, destaca Dr Henrique Rocha.
Atendimento pelo SUS
No Sistema Único de Saúde (SUS) é possível contar com o suporte médico e ter acesso a medicamentos, exames e procedimentos de diagnóstico e tratamento. A Bahia tem maior prevalência de glaucoma que outros estados brasileiros por contar com a maioria da população constituída de pessoas negras – grupo que tem maior risco de desenvolver a doença.
Referência na Bahia
O Hospital Universitário Professor Edgard Santos, da Universidade Federal da Bahia (Hupes-UFBA) e vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) é referência no tratamento de casos graves da doença. Atualmente, o Hupes atende cerca de 250 pacientes por mês, cujos quadros clínicos evoluíram para a fase grave da doença.
“Por ser um hospital terciário, o Hupes só absorve os casos de glaucoma mais avançados que estejam necessitando de cirurgia para controle da doença. O tratamento inicial do glaucoma normalmente é medicamentoso (com colírios) e a cirurgia é indicada quando os colírios não estejam baixando a pressão ocular de forma adequada ou quando a doença esteja piorando mesmo com uso desses colírios”, afirma o oftalmologista Rodrigo Lobo.
Fatores de riscos
Um dos principais fatores de risco associado ao desenvolvimento do glaucoma é o aumento da pressão intraocular. O histórico da doença na família, ser negro(a), ter idade acima de 40 anos e presença de miopia em graus altos são alguns dos fatores.
A campanha Maio Verde – SBG
No mês de maio, a Campanha “Maio Verde – Prevenção e Combate ao Glaucoma”, dedicada à prevenção e combate ao glaucoma, lança luz sobre uma doença ocular silenciosa que afeta milhões de pessoas globalmente.
Este ano, a Sociedade Brasileira de Glaucoma desenvolveu uma campanha através de materiais educativos, como cartilhas para pacientes, materiais de apoio aos oftalmologistas para incentivar eventos locais e vídeos curtos explicando todos os aspectos da doença, para disseminar o conhecimento, promover exames regulares e ampliar o acesso ao tratamento para garantir uma visão saudável para todos.