O Instituto Nacional de Câncer (INCA) lançou a publicação Controle do Câncer de Mama no Brasil: Dados e Números 2025, que apresenta um retrato detalhado da doença no País. O material foi elaborado ao longo de seis meses pela Divisão de Detecção Precoce e Apoio à Organização de Rede (Didepre) e reúne informações sobre incidência, mortalidade, fatores de risco, prevenção, acesso a exames e tratamento, com o objetivo de subsidiar gestores e profissionais de saúde na formulação de ações estratégicas que fortaleçam a rede de cuidado.
Câncer de mama é o mais incidente entre as mulheres
O câncer de mama continua sendo o tipo mais comum entre as mulheres brasileiras, excluindo o de pele não melanoma, e representa a principal causa de morte por câncer na população feminina. A estimativa para 2025 é de 73.610 novos casos, enquanto mais de 20 mil óbitos foram registrados em 2023.
Um dos destaques do relatório é a consolidação de dados atualizados de diferentes fontes do Sistema Único de Saúde (SUS), o que permite observar avanços, desigualdades regionais e gargalos na linha de cuidado.
Diferenças regionais e tendências
O estudo revela que a Região Sudeste apresenta a maior incidência da doença. Já Santa Catarina, no Sul, registra a maior taxa ajustada entre as unidades da federação — 74,79 por 100 mil mulheres.
Em relação à mortalidade, as regiões Sul, Sudeste e Nordeste lideram o ranking, com Roraima, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul apresentando as maiores taxas ajustadas.
Um dado positivo é a redução proporcional da mortalidade por câncer de mama entre mulheres de 40 a 49 anos, observada entre 2000 e 2023. Ao longo de 2024, o SUS realizou 4,4 milhões de mamografias, sendo 4 milhões de rastreamento em mulheres assintomáticas. Desse total, mais de 1 milhão foram realizadas fora da faixa etária recomendada (50 a 69 anos).
Fatores de risco e proteção
O relatório também destaca os principais fatores de risco associados à doença. Segundo o Vigitel 2023, 56,7% das mulheres brasileiras com 18 anos ou mais apresentam excesso de peso, com índices mais altos no Sul (59,6%), especialmente no Rio Grande do Sul (60,2%), e menores no Maranhão (48,4%).
A obesidade e o consumo abusivo de álcool são mais prevalentes nas regiões Sul e Sudeste, refletindo a concentração dos fatores de risco em áreas mais urbanizadas. Já os fatores protetores, como a prática regular de atividade física e o aleitamento materno prolongado, ainda têm baixa adesão em todo o País.
Avanços e desafios no tratamento
No acesso ao tratamento, o relatório aponta melhorias no cumprimento da Lei dos 60 dias, que garante o início da terapia em até dois meses após o diagnóstico. Apesar do avanço, persistem desigualdades regionais e desafios na organização da rede assistencial.
Para Renata Maciel, chefe da Didepre/INCA, o documento é uma ferramenta essencial para orientar políticas públicas.
“Nosso objetivo foi reunir, em um único documento, os principais indicadores do câncer de mama no País para apoiar a qualificação da rede de atenção. Com informação clara e comparável, gestores podem identificar gargalos e planejar respostas mais eficazes”, explica.
Acesse AQUI ao relatório completo