No Dia Nacional da Saúde, celebrado em 5 de agosto, a Fundação do Câncer lança o 9º volume do seu boletim info.oncollect, cujo tema é Mortalidade por câncer colorretal – Projeção para os próximos 15 anos.
O estudo conduzido por pesquisadores da Fundação aponta para um aumento de 36,3% no índice de mortalidade da doença até 2040. O levantamento também mostra o seu alto grau de letalidade, reflexo do número de casos diagnosticados em estágios avançados: de 40% e 60%, entre homens e mulheres brasileiros com a doença.
O câncer colorretal, também chamado de câncer do intestino ou câncer de cólon e reto, apesar de altamente prevenível, geralmente só é identificado já em fase avançada, o que dificulta o sucesso do tratamento, como ocorreu com a cantora Preta Gil.
“As informações apontadas em nosso boletim revelam que 78% das pessoas que foram a óbito apresentavam a doença nos estádios III ou IV, os mais avançados, ou seja, descobriram tardiamente o problema diminuindo as chances de cura“, salienta Luiz Augusto Maltoni, diretor executivo da Fundação do Câncer.
As projeções futuras reforçam a urgência de medidas mais eficazes. “As estimativas de óbitos por câncer colorretal no Brasil entre 2026 e 2040 indicam um aumento expressivo da mortalidade em todas as regiões“, diz o coordenador do estudo, Alfredo Scaff.
A publicação revela que a Região Sudeste irá concentrar o maior número absoluto de óbitos, com um aumento projetado de 34,0%. Já a análise nacional indica uma projeção crescente de 35% em homens e 37,63% em mulheres.
“Essas mortes evidenciam a necessidade premente de políticas públicas voltadas à incorporação de rastreamento e ampliação do diagnóstico precoce“, defende Scaff, que também é epidemiologista e consultor médico da Fundação do Câncer.
O alto índice de letalidade também demonstra que não há uma política de detecção precoce do câncer colorretal, que pode ser feita através do exame de sangue oculto nas fezes e da colonoscopia.
Cenário por regiões
As informações obtidas a partir do 9o boletim info.oncollect evidenciam que homens e mulheres que foram a óbito pela doença tiveram seus diagnósticos nos estágios mais avançados (III e IV). No Brasil, 50,9% dos homens e 52,3% das mulheres faleceram com diagnóstico no estágio IV, destacando a gravidade da neoplasia no momento da detecção. Entre os homens, as maiores proporções de óbitos nesse estágio foram registradas nas regiões Sul (56,3%) e Centro-Oeste (58,5%). Já entre as mulheres, o mesmo ocorreu nas regiões Centro-Oeste (59,4%) e Sul (57,5%).
“Estudos internacionais mostram que em países com programas estruturados de rastreamento, a sobrevida em cinco anos pode ultrapassar 65%. Já no Brasil, os índices são inferiores: 48,3% para câncer de cólon e 42,4% para câncer de reto, revelando deficiências no acesso a diagnóstico precoce e tratamento oportuno“, compara o coordenador do info.oncollect.
Políticas públicas
De acordo com Scaff, para esse cenário mudar, é preciso criar um rastreamento organizado populacional com convocações sistemáticas da população-alvo, o que não existe hoje no país, cuja abordagem é oportunística.
“Essa ausência representa uma importante lacuna, especialmente diante do envelhecimento da população e da tendência crescente da doença”.
O diretor executivo da Fundação e cirurgião oncológico Luiz Augusto Maltoni reforça que “é fundamental fortalecer políticas públicas que promovam tanto a prevenção primária, com estímulo a hábitos saudáveis, quanto a prevenção secundária, por meio do rastreamento estruturado”.
Fatores de riscos
Ele reitera a importância do autocuidado dos pacientes e lista os fatores de risco para a doença:
• Idade avançada;
• Histórico familiar;
• Dietas ricas em carnes processadas;
• Sedentarismo;
• Obesidade;
• Tabagismo;
• Elevado consumo de álcool.
Para o estudo, a Fundação considerou dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde, Brasil e regiões, estratificada por sexo e calculada por 15 anos, com intervalo de cinco (2026-2030; 2031-2035; 2036-2040).
O estudo completo pode ser acessado AQUI.