A detecção precoce é a chave para evitar a progressão da doença renal crônica – Portal ComSaúde Bahia
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SAÚDE DOS RINS
A detecção precoce é a chave para evitar a progressão da doença renal crônica
Saiba quais são os sinais de alerta, os exames necessários para um diagnóstico precoce, as orientações de especialistas para prevenção e os tratamentos mais recentes
Por:Susy Moreno | 15/03/2024 às 08:14

Os rins são um par de órgãos muito importantes para a nossa saúde. A notícia de que o apresentador Fausto Silva passou por um transplante renal, seis meses após ter recebido um novo coração devido a complicações em um caso de Doença Renal Crônica, deixou as pessoas surpresas. Afinal, o que é essa doença e que outras patologias podem acometer os rins?

De acordo com o Ministério da Saúde, a progressão lenta da doença permite que o organismo se adapte à diminuição da função renal. Desta forma, sintomas da condição podem surgir tardiamente, quando o rim já perdeu até 90% da função. Daí a importância de verificar a saúde dos rins com a frequência indicada pelo médico.

Embora tenham similaridades, a doença renal aguda (DRA) e a doença renal crônica (DRC) possuem importantes diferenças na causa, duração e progressão. A primeira é caracterizada por uma redução súbita e reversível da função renal, causada por fatores como isquemia, obstrução ou medicações nefrotóxicas. A segunda é uma perda progressiva e irreversível da função renal, que pode levar à insuficiência renal terminal e necessidade de diálise ou transplante.

Os rins
O órgão do corpo humano é responsável, por exemplo, por limpar todas as impurezas e toxinas do nosso organismo, regular a água e manter o equilíbrio de substâncias minerais. Nefrologista e professor do curso de Medicina da Universidade Salvador (UNIFACS), Ricardo Mattoso explica que os rins são responsáveis pela eliminação das substâncias resultantes do nosso metabolismo, através da urina.

“Além desta função, eles ainda controlam a quantidade de água do organismo, atuam na eliminação de sódio, sendo essencial para o controle da pressão arterial, colaboram com a medula, evitando o aparecimento de anemia e, ainda, regulam a acidez do sangue, prevenindo a desnutrição e fadiga”, enumera.

Prevenção
A prevenção à doença renal crônica passa por adotar hábitos saudáveis de vida. Isso inclui manter uma dieta balanceada, com baixo teor de sódio e açúcar, e rica em frutas, vegetais e grãos integrais.

O professor Ricardo Mattoso enfatiza que para evitar a disfunção desse órgão ou o aparecimento de doenças, mudanças nos hábitos de vida são importantes como a ingestão de água ao longo do dia, especialmente em períodos mais quentes, a adoção de uma alimentação saudável, evitar excessos de sal, gordura, fritura e ganho de peso excessivo.

O professor ressalta, também, que o uso de alguns medicamentos, como os anti-inflamatórios, pode afetar os rins e deve ser feito apenas sob orientação médica. “Para quem sofre com doenças como diabetes e hipertensão arterial, é muito importante manter um controle rigoroso dessas morbidades”, complementa Ricardo Mattoso.

Sinais de alerta
Alguns sinais que podem ajudar no diagnóstico da doença renal incluem: inchaço nas pernas e na face, palidez, espuma na urina, astenia, perda de apetite, emagrecimento e aparecimento de hipertensão arterial.

Diagnóstico precoce é essencial
Uma grande dificuldade para o diagnóstico das doenças renais é que, muitas vezes, ela evolui de forma assintomática, resultando em um diagnóstico tardio. Uma vez realizada a detecção do problema renal, ele deve ser acompanhado pela especialidade médica responsável, a nefrologia.

Nos casos de doença renal aguda, o diagnóstico precoce pode ajudar na reversão de danos e evitar situações graves. Assim, a realização de exames de monitoramento dos rins, como ureia e creatina no sangue, ou o sumário realizado com uma amostra de urina, devem ser realizados preventivamente.

Exames de rastreamento de doenças renais
Exames de dosagem de ureia e creatinina são os principais meios de rastreamento de uma doença nos rins. A bioquímica e coordenadora técnica científica do Sabin Diagnóstico e Saúde, Luciana Figueira, explica que os exames de dosagem de ureia e creatinina são os principais meios de rastreamento de uma doença nos rins. “É a partir destes exames de sangue que o nefrologista pode descobrir alguma possível doença renal, pois quando os rins não funcionam corretamente ocorre um acúmulo dessas substâncias no sangue e isso aparece nos resultados“, afirma.

Segundo a profissional, os exames devem ser feitos, no mínimo, anualmente ou a critério do médico. Isso porque, a depender do paciente, pode ser necessário realizar mais de uma vez no mesmo período. Mesmo pacientes acometidos pela doença renal crônica podem precisar de exames para avaliar a evolução da condição.

Outra opção muito indicada por médicos é o exame de urina, que identifica infecções do trato urinário, doenças renais e condições sistêmicas. “Quando são identificadas alterações, outros exames complementares de diagnóstico podem ser solicitados, a fim de descobrir a origem do problema”, esclarece a bioquímica.

Foto: Acervo Sabin

Atenção! Para quem tem doenças autoimunes
O nefrologista explica, ainda, que doenças autoimunes, como lúpus, e patologias crônicas, como diabetes e hipertensão arterial, podem causar danos irreversíveis aos rins. “Nesta situação, a doença renal pode se tornar crônica e, novamente, o papel do acompanhamento médico é indispensável para lentificar a progressão da doença e atuar no tratamento de complicações que possam aparecer”, afirma o médico.

Tratamento
Nos casos mais brandos da doença renal, o uso de medicamentos e a adoção de uma dieta adequada podem evitar os sintomas e proporcionar qualidade de vida. Porém, nas formas mais graves da doença, a realização de tratamentos mais invasivos pode ser necessária, como a realização da hemodiálise, diálise peritoneal ou, como no caso do apresentador Fausto Silva, o transplante renal.

Hemodiálise
Para os pacientes que precisam de hemodiálise, o tratamento é feito em uma clínica ou hospital especializado, onde ele é conectado a uma máquina que substituirá os rins na filtragem do sangue, ou seja, o procedimento funciona como um rim artificial. Já a diálise peritoneal pode ser realizada em casa.

Transplante
O Brasil é uma referência quando o assunto é transplante de órgãos, ocupando a segunda posição mundial em número de procedimentos realizados. Segundo o Ministério da Saúde, o rim foi o órgão mais transplantado entre os meses de janeiro e setembro de 2023, representando 66,72% dos procedimentos. Atualmente, 38 mil das 42 mil pessoas na fila dos transplantes no país aguardam por um rim.

“É fundamental a conscientização da população de que todos somos potenciais doadores, mas, para que ocorra um transplante, há a necessidade de autorização da família. Então, é muito importante deixar sempre claro aos seus familiares a sua vontade de ser doador”, finaliza o professor Ricardo Mattoso.

Campanha – Dia Mundial do Rim
A Sociedade Brasileira de Nefrologia coordena no Brasil a Campanha do Dia Mundial do Rim, que tem como objetivos disseminar informações sobre as doenças renais, com foco na prevenção, diagnóstico precoce e tratamento adequado. Todos esses objetivos estão resumidos no tema central que é “SAÚDE DOS RINS (& exame de creatinina) PARA TODOS”.