Segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de colo do útero afeta mais de 17 mil pessoas por ano no Brasil. Uma das principais causas para o desenvolvimento da doença é o HPV, um vírus muito comum que pode ser transmitido principalmente por contato sexual. Existem mais de 100 tipos de HPV, alguns dos quais podem causar verrugas genitais ou lesões pré-cancerosas e câncer
De acordo com dados do Ministério da Saúde (MS), o Brasil registra anualmente 16 mil óbitos de mulheres devido ao câncer de colo de útero – o equivalente a uma morte a cada 90 minutos, com uma média de idade de 45 anos. Apesar das opções disponíveis para prevenção, incluindo a vacinação contra o HPV, o uso de preservativos durante as relações sexuais e exames de rastreamento para detecção precoce, o câncer do colo do útero continua sendo uma das principais causas de morte entre mulheres em idade fértil no país.
Imunização
Existem aproximadamente 15 tipos de HPV de alto risco que afetam os genitais externos, e a vacina protege contra os sete tipos mais comuns associados ao desenvolvimento de lesões e cânceres. Por isso, a vacinação contra o HPV é uma estratégia vital na prevenção do câncer do colo do útero. Ao aumentar a conscientização e promover a vacinação em massa, é possível avançar significativamente em direção à erradicação deste câncer devastador.
O Ministério da Saúde implementou a vacina quadrivalente, que oferece proteção contra o HPV de baixo risco (tipos 6 e 11, responsáveis por verrugas anogenitais) e de alto risco (tipos 16 e 18, associados ao câncer do colo do útero). Essa vacina, integrante do calendário básico de imunização, encontra-se disponível ao longo de todo o ano nas salas de vacinação dos municípios brasileiros, disponível para meninos e meninas de 9 a 14 anos, além de homens e mulheres de 9 a 45 anos que sejam HIV positivos, transplantados, pacientes oncológicos e vítimas de violência sexual.
A vacina nonavalente, que oferece proteção contra os tipos 6, 11, 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58 do HPV, foi aprovada no Brasil em março de 2023. Atualmente, está disponível apenas na rede privada para homens e mulheres, tanto meninos quanto meninas, com idades entre 9 e 45 anos.
Dra Nilma Antas, professora titular de Ginecologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e vice-presidente da Comissão Nacional de Vacinas da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, enfatiza que qualquer indivíduo, independentemente da idade, pode colher os benefícios da imunização. “Estudos mostram que a vacinação pode reduzir significativamente o risco de recorrência da lesão em quase 60%. Portanto, mesmo que já tenham tido uma lesão relacionada ao HPV, ainda há benefícios em receber a vacina, pois ela protege contra os tipos de HPV não adquiridos anteriormente e ajuda a diminuir a recorrência da lesão tratada”.
Novas estratégias do SUS
Recentemente, o Ministério da Saúde divulgou que o esquema de vacinação no SUS, com a vacina quadrivalente, que ajuda a proteger contra o câncer do colo de útero, pênis, vagina, ânus, boca e garganta, além das verrugas genitais, consiste em dose única para adolescentes de 9 a 14 anos. Outra novidade é a estratégia de resgate de adolescentes não vacinados com idade até 19 anos, 11 meses e 29 dias.
Uma outra estratégia importante é a incorporação no SUS do teste molecular de detecção do HPV. Especialistas destacam que essa inclusão representa mais um avanço na prevenção do câncer de útero, uma vez que mais de 90% dos casos da doença estão associados à infecção pelo HPV.
Para Dra Nilma, a implementação difundida do teste de HPV como método primário de triagem no Brasil será muito benéfica. “A leitura automatizada por máquinas, elimina a necessidade de um citologista treinado para analisar as lâminas, o que facilita ainda mais a logística e a expansão do serviço” explica. “Com isso, espera-se uma maior cobertura do teste de triagem, possibilitando que mais pacientes sejam diagnosticadas e tratadas precocemente”, completa.
É essencial aumentar a conscientização sobre a importância da vacinação contra o HPV, especialmente entre os jovens e suas famílias. Educar sobre os benefícios da vacina e desmistificar possíveis preocupações é fundamental para aumentar as taxas de vacinação e, consequentemente, reduzir a incidência do câncer do colo do útero
Entenda o HPV – MS
O HPV, sigla para vírus do papiloma humano, é uma infecção viral comum. Na maioria dos casos, o sistema imunológico do corpo consegue eliminá-lo sem causar problemas de saúde significativos. O condiloma acuminado, causado pelo HPV é também conhecido por verruga anogenital, crista de galo, figueira ou cavalo de crista.
No entanto, em situações específicas, a infecção persistente por determinados tipos de HPV, que pode desencadear o desenvolvimento de câncer, especialmente nos órgãos como colo do útero, vulva, vagina, pênis, ânus, boca e garganta. Felizmente, existem vacinas disponíveis para prevenir a infecção por esses tipos específicos de HPV associados ao câncer.
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Confira a entrevista, na íntegra, com a Dra Nilma Antas Neves, no nosso canal ‘Entrevista com Especialista’ onde ela detalha mais sobre o assunto. Clique aqui.