De acordo com dados divulgados em 2022 pela Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), 75% dos transtornos mentais têm início durante a infância e adolescência, sendo que metade deles ocorre até os 14 anos. Embora a adolescência seja um período crítico, a infância possui um protagonismo crucial por representar a fase inicial da vida humana. Assim, torna-se indispensável o papel da neuropsicologia no desenvolvimento mental nessa faixa etária.
A Neuropsicologia explora a relação entre o cérebro, o comportamento e os processos cognitivos. Marta Bonfim, psicóloga clínica, especialista parental e neuropsicóloga, destaca que compreender o funcionamento cerebral de crianças e jovens é essencial para identificar precocemente possíveis dificuldades e promover intervenções direcionadas.
“A neuropsicologia permite uma abordagem mais personalizada, considerando as especificidades de cada criança e jovem, o que é fundamental para o sucesso das estratégias educacionais. Cada uma das crianças e jovens possuem um conjunto único de habilidades cognitivas, emocionais e sociais, e é por isso que é essencial adaptar as práticas educacionais, para atender as necessidades de cada um”, ressalta a especialista.
Estratégias práticas
De acordo com Marta Bonfim, existem algumas estratégias práticas recomendadas para ajudar as crianças a mudarem seus hábitos e manter uma boa saúde mental: “a avaliação neuropsicológica é fundamental para ajudar a identificar padrões de funcionamento cerebral, pontos fortes e áreas que necessitam de suporte adicional; atividades que visam estimular diferentes áreas cognitivas, como memória, atenção e raciocínio lógico também são importantes. Também é essencial que a criança tenha atividades escolares que estimulem habilidades sociais, resolução de conflitos e empatia.”
As dificuldades de aprendizagem
Identificar precocemente possíveis dificuldades de aprendizagem permite que os pais juntamente com a escola, façam adaptações curriculares para melhorar o potencial de seus filhos. “A implementação de adaptações curriculares, garante que todos os alunos possam alcançar seu máximo potencial. A inclusão também é uma parte fundamental das práticas educacionais baseadas na neuropsicologia,” conclui.
Envolvimento dos pais e comunidade
Marta Bonfim destaca que o envolvimento dos pais é crucial para o sucesso dessas estratégias. “Os pais desempenham um papel essencial na promoção de um ambiente de apoio em casa, reforçando as habilidades aprendidas na escola e incentivando o desenvolvimento saudável”. Além disso, o apoio da comunidade escolar, incluindo professores e profissionais de saúde, é fundamental para a implementação efetiva dessas práticas.
Em um mundo onde a educação e a prevenção são peças-chave para o sucesso futuro das gerações, a neuropsicologia emerge como uma ferramenta valiosa. Estratégias práticas e personalizadas, aliadas ao envolvimento ativo dos pais e da comunidade, podem moldar um ambiente educacional que promova o florescimento cognitivo e emocional de crianças e jovens.