Considerada grave e rara, o botulismo, que é uma doença neuroparalítica, acendeu um importante alerta na Bahia após o registro de seis ocorrências este ano, que resultaram em duas mortes. Os casos foram confirmados pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), que investiga ainda se a contaminação pode ter ocorrido depois da ingestão de alimentos mal-conservados.
O número de casos deste ano já supera o de 2023, quando foram confirmadas duas ocorrências, caracterizando como um surto para a doença, devido à sua raridade. Dos diagnosticados, três seguem internados no Instituto Couto Maia (ICOM), em Salvador, e um recebeu alta médica. Todos são residentes do interior do estado.
O infectologista e consultor técnico do Sabin Diagnóstico e Saúde, Claudilson Bastos, afirma que, apesar da alta letalidade, a doença causada pela bactéria Clostridium botulinum (C botulinum) não é contagiosa.
“Normalmente, essa bactéria entra no organismo por meio de ferimentos ou pela ingestão de alimentos contaminados, tanto na preparação como na produção e/ou conservação adequada. Por isso, a população deve manter os cuidados com a higiene no manuseio dos alimentos e também verificar a procedências dos produtos para evitar a contaminação pela bactéria“, informa ele, dizendo que o agente pode estar presente na água não tratada, alimentos infectados pelo micro-organismo que produz a toxina e também nos intestinos dos animais, a exemplo de vacas, porcos, peixes e crustáceos.
O especialista alerta que a doença pode evoluir rapidamente, levando à morte por paralisia da musculatura respiratória: “Isso porque essa bactéria produz uma toxina que pode causar um quadro grave em poucas horas, mesmo se ingerida em uma quantidade pequena. Então, ao aparecer sintomas como dor de cabeça, dificuldade para falar e engolir, vertigem, tontura, sonolência, visão turva e/ ou dupla, diarreia, náuseas, vômitos, fadiga, dificuldade para respirar e paralisia descendente da musculatura de face, braços e pernas, o paciente deve procurar uma unidade de saúde imediatamente“.
Bastos ainda esclarece que o diagnóstico da doença é feito por meio de exames físico, neurológico, de imagem e laboratoriais, a exemplo do de sangue e de fezes para identificar a presença da toxina no organismo.
“O tratamento do botulismo é feito em unidade hospitalar, com unidade de terapia intensiva (UTI), devido à gravidade da doença. O Sistema Único de Saúde (SUS), inclusive, dispõe do Soro Antibotulínico usado no tratamento“, informa o médico, acrescentando que o botulismo pode ser dividido em alimentar, que tem sintomas gastrointestinais e/ou neurológicos, com início rápido e progressivo; intestinal, que pode ir de quadros com constipação leve à síndrome de morte súbita; e ferimentos, que se assemelha à alimentar, mas com presença de febre e sem os sinais gastrointestinais.