As consequências das Fake News na medicina – Portal ComSaúde Bahia
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Fake News
As consequências das Fake News na medicina
O uso irresponsável de substâncias, chás e os riscos em terapias hormonais
Por:Redação | 21/09/2023 às 09:47

Milhares de pessoas buscam soluções rápidas na internet para perda de peso ou para ganhar massa muscular.  Ao realizar pesquisas nos sites de busca é possível encontrar uma infinidade de resultados. Aparecem sugestões como “os sete melhores chás para perder barriga” ou até mesmo “chás que auxiliam no emagrecimento durante o sono”. Essas informações podem parecer atrativas, no entanto, é importante ressaltar que elas estão longe de promover um emagrecimento saudável e estão ainda mais distantes de favorecer o bom funcionamento de um órgão essencial em nosso corpo, a exemplo do fígado.

A disseminação de notícias falsas na área da medicina prejudica a saúde pública e pode levar a conseqüências perigosas com base em informações incorretas. O Dr. Raymundo Paraná, em sua posição como professor e pesquisador renomado na área da hepatologia, tem dedicado seus estudos para alertar a sociedade sobre os perigos da desinformação.

É importante chamar atenção para um crescimento de doenças do fígado em geral, que provaca hepatite fulminante, hepatite crônica e cirrose. Esse aumento tem sido associado ao uso contínuo de algumas substâncias ou produtos considerados “naturais”, como a noz-da-índia, chá verde, hibisco, pholia negra, entre outros. Esses produtos são frequentemente recomendados na internet para perda de peso, apesar de não possuírem comprovação científica, o que tem acarretado sérios danos ao fígado.

Segundo Dr Vinícius, certos produtos podem ser prejudiciais ao fígado se forem usados de maneira inadequada ou em excesso. Alguns chás podem conter substâncias potencialmente tóxicas, como alcaloides ou compostos químicos prejudiciais. Se esses chás forem consumidos em grandes quantidades ou por longos períodos, pode haver um impacto negativo no fígado.

Foi o que acabou acontecendo com o Sr. Miguel Matos, de 67 anos. Ele relata que, há dois anos, começou a sentir uma sensação de queimação no estômago. Após realizar um exame de endoscopia, foi diagnosticado com H. pylori, uma bactéria comumente encontrada no estômago. Foi nesse momento que ele decidiu procurar um “suposto especialista” na Internet, que recomendou um tratamento para a doença consistindo em consumir uma mistura de babosa, batata-doce e cenoura durante 20 dias, pela manhã e a noite.

Durante esse período, Sr. Miguel começou a notar que seus olhos e pele estavam adquirindo uma tonalidade amarelada e que sua urina estava com uma coloração vermelha escura, além de perder peso significativamente. Foi então que ele decidiu consultar um hepatologista, que identificou um comprometimento sério de seu fígado, chegando até a apontar risco de morte. Sr. Miguel e sua família ficaram extremamente preocupados com essa situação.

“Me recuso hoje de seguir qualquer orientação via internet de supostos especialistas porque quase me custou a vida!”, enfatiza Sr Miguel.

De acordo com Dr Paraná, as Fake News surgem de interesses ocultos e egoístas, independentemente da área em que sejam disseminadas. O objetivo sempre será gerar controvérsias sobre fatos não comprovados e difamar negativamente indivíduos e instituições por meio de informações ou conceitos falsos. “Frequentemente, essas práticas violam a ética profissional ao expor pacientes e promovem tratamentos antiéticos, muitas vezes em busca de ganhos pessoais obscuros”, declarou.

Outros perigos

Outros perigos relacionados à desinformação são os assuntos sobre terapias hormonais e o uso de substâncias sem o acompanhamento de um profissional de saúde, o que tem preocupado a comunidade médica em todo o mundo. Dr Paraná enfatiza que nos últimos anos identificou um crescimento significativo em situações de pacientes que fizeram uso de substâncias com base em informações falsas, prejudicando especialmente o funcionamento do fígado.

As consequências do uso indiscriminado de substâncias são preocupantes e podem acarretar graves danos à saúde, como os riscos associados ao consumo de anabolizantes e esteroides sem a devida orientação médica. A chamada “modulação hormonal” sem acompanhamento profissional também apresenta perigos significativos. “É fundamental que qualquer intervenção hormonal seja realizada sob supervisão médica qualificada, levando em consideração o histórico médico, exames clínicos e a necessidade individual de cada paciente”, afirma o Dr. Paraná.

O serviço do Ministério da Saúde (MS) para combater boatos somou, em apenas um ano (2011), 11,5 mil resoluções de 12,2 mil dúvidas enviadas. Foram esclarecidas mais de uma centena de notícias falsas, e os temas mais recebidos foram vacinação, falsos cadastros para atendimento no SUS, surgimento de câncer por falta de vitamina, uso excessivo de celulares e curas milagrosas de doenças por meio de alimentos. O governo federal lançou, em março deste ano, uma campanha denominada “Brasil contra Fake”, que tem o objetivo de combater a desinformação disseminada nas redes sociais e traz o tema “Quem espalha fake news espalha destruição”. E quando o assunto é saúde, isso se torna ainda mais grave, pois as notícias falsas podem ser potencialmente perigosas para a população de um modo geral.

Estudos comprovam

A modulação hormonal refere-se ao processo de alteração ou ajuste dos níveis hormonais no corpo humano, porém o termo “modulação hormonal” tem sido utilizado de maneira enganosa e promocional em diversas áreas, incluindo o campo do envelhecimento e do desempenho sexual. Um estudo publicado no “Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism” em 2020 revisou os dados disponíveis sobre a terapia de reposição hormonal em homens e concluiu que o uso inadequado e não supervisionado de hormônios pode resultar em efeitos colaterais indesejados, tais como aumento do risco cardiovascular e distúrbios metabólicos. Essas descobertas reforçam a necessidade de buscar orientação adequada antes de iniciar qualquer forma de terapia hormonal.

Os anabolizantes e esteróides são substâncias químicas que são usadas com o objetivo de aumentar a massa muscular e melhorar o desempenho físico. Eles são frequentemente utilizados por atletas e fisiculturistas para ganhar força, resistência e aumentar a massa muscular de forma mais rápida do que seria possível apenas com treinamento físico e dieta. Elas são substâncias controladas e regulamentadas em muitos países devido aos seus efeitos colaterais graves e riscos à saúde. Um estudo publicado na revista “Drug and Alcohol Dependence” em 2018 analisou dados de 1.057 usuários de esteróides anabolizantes e descobriu que eles apresentavam um risco aumentado de problemas de saúde, incluindo doenças cardiovasculares, disfunção hepática, alterações psicológicas e dependência.

Dr Paraná ainda afirma que a colaboração entre médicos, pesquisadores, instituições de saúde e a população em geral é fundamental para combater a desinformação e promover o uso responsável de terapias, garantindo assim uma abordagem segura e eficaz para o cuidado da saúde.


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