Contaminação por mercúrio ameaça povo Yanomami na Amazônia – Portal ComSaúde Bahia
Foto:Ensp/Fiocruz
PESQUISA/FIOCRUZ
Contaminação por mercúrio ameaça povo Yanomami na Amazônia
Pesquisa da Fiocruz destaca a urgência de medidas efetivas para proteger a saúde e o bem-estar dos Yanomamis e preservar a Amazônia de futuros danos irreparáveis.
Por:Susy Moreno | 05/04/2024 às 19:08

Uma pesquisa realizada com indígenas do povo Yanomami, subgrupo Ninam, revelou uma situação preocupante: todos os participantes estão contaminados por mercúrio. O estudo, conduzido pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz) em parceria com a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) e com apoio do Instituto Socioambiental (ISA), analisou amostras de cabelo de cerca de 300 pessoas, incluindo crianças e idosos, de nove aldeias localizadas em Roraima.

Os resultados revelaram que os maiores níveis de exposição ao mercúrio foram encontrados em indígenas que residem nas aldeias próximas aos garimpos ilegais de ouro na região do Alto Rio Mucajaí. O garimpo ilegal, que persiste há décadas na área, tem causado não só destruição ambiental, mas também impactos na saúde e na segurança dos Yanomamis.

De acordo com a matéria publicada no Portal da Fiocruz, o coordenador do estudo, Professor Paulo Basta, disse que a presença do mercúrio representa um risco significativo para as crianças da região, aumentando a probabilidade de desenvolverem problemas de saúde graves, especialmente os menores de 5 anos. Os índices de contaminação detectados estão muito acima dos limites considerados seguros pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Além da contaminação por mercúrio, a pesquisa também identificou altos índices de doenças crônicas não transmissíveis, desnutrição e anemia entre os Yanomamis. A cobertura vacinal na região é extremamente baixa, com apenas 15,5% das crianças com as vacinas em dia.

Diante desse cenário preocupante, os pesquisadores recomendaram ações imediatas, como a interrupção do garimpo ilegal e do uso de mercúrio, a desocupação de invasores e a construção de unidades de saúde nas áreas afetadas. Eles também propõem a atualização da Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas (Pnaspi) e investimentos na formação de profissionais de saúde indígenas.

Além disso, são indicadas ações específicas para as populações expostas ao mercúrio, como o rastreamento de comunidades cronicamente expostas para diagnósticos laboratoriais, a elaboração de protocolos de tratamento e a criação de um centro de referência para acompanhamento de casos crônicos.

Fonte: Fiocruz

#SaibaMaisComSaúde
Portal Fiocruz