Estamos entrando ao período de maior circulação do Vírus Sincicial Respiratório (VSR) em todas as regiões do Brasil. Sendo o principal agente causador de infecções respiratórias agudas em crianças com até dois anos, o VSR é responsável por 75% das bronquiolites e 40% das pneumonias nessa faixa etária, de acordo com a Sociedade Brasileira de Pneumologia. Atualmente, observa-se um crescimento nas internações devido às complicações desencadeadas por essa infecção.
Segundo o Ministério da Saúde, nas regiões Sudeste, Sul e no Distrito Federal, os aumentos de casos entre 2022 e 2023 variam de 19% a 35%. Destaca-se a capital do país, que teve um aumento de mais de 35% em comparação com o ano anterior. Alagoas e Sergipe apresentam um aumento percentual acima de 100%. Esses números evidenciam a urgência de implementação de ações de prevenção e conscientização
De acordo com informações fornecidas pelo Ministério da Saúde, a Bahia teve um aumento de 39% nos casos de internação por bronquiolite em 2023, em comparação com o ano anterior. A quantidade crescente de notificações coloca a Bahia como o estado líder na Região Nordeste com menor índice de hospitalização devido a essa doença. Em 2022, foram registrados 4869 casos no estado baiano, enquanto em 2023 houve um aumento para 6771 internações.
Conforme a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM), o vírus sincicial respiratório (VSR) é uma das maiores causas de infecções respiratórias em recém-nascidos e crianças pequenas, sobretudo bebês. É um dos principais vírus associados à bronquiolite, quadro caracterizado pela inflamação dos bronquíolos — pequenas e finas ramificações dos brônquios, que transportam o oxigênio até o tecido pulmonar. Outros vírus que também podem causar bronquiolite são influenza, parainfluenza e adenovírus.
Apesar de não ser uma doença de notificação compulsória, especialistas destacam que o VSR tem apresentado um aumento anual no Brasil, especialmente durante seu período de maior circulação, que varia conforme a região do país, informação reforçada pela Sociedade Brasileira de Imunizações.
O Dr. Renato Kfouri, pediatra infectologista e presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, alerta: “O Vírus Sincicial Respiratório é um vírus muito frequente, principalmente em crianças pequenas. Para se ter uma ideia, cerca de 40 a 60% das crianças são infectadas por ele no primeiro ano de vida e praticamente 100% serão acometidas até completarem os dois anos de idade”.
Prevenção
Segundo Kfouri, existem formas simples de prevenção, como a adoção de medidas básicas de higiene, como lavagem frequente das mãos e evitar contato próximo com pessoas doentes, que podem auxiliar no combate ao VSR. Ele alerta que também é crucial prestar uma atenção especial aos grupos de risco específicos, como bebês prematuros ou aqueles com doenças crônicas cardiorrespiratórias.
Vacina
A Anvisa aprovou, no último dia 1º de abril, o registro da vacina Abrysvo da empresa Pfizer. Este imunizante é indicado para a prevenção da doença do trato respiratório inferior e da doença grave do trato respiratório inferior em crianças desde o nascimento até os 6 meses de idade, por meio de imunização ativa em gestantes. Além disso, foi autorizado o seu uso na prevenção da doença do trato respiratório inferior causada pelo VSR em indivíduos com 60 anos de idade ou mais, uma população também considerada de risco.
Transmissão
O VSR é transmitido pelas secreções do nariz ou da boca da pessoa infectada, por contato direto ou por gotículas. A transmissão começa dois dias antes de aparecerem os sintomas e só termina quando a infecção está completamente controlada. O período de maior contágio é nos primeiros dias da infecção. A incubação varia de dois a oito dias (em média quatro a seis dias).
Sintomas do VSR (Fonte: SBIM)
• A maioria das crianças infectadas tem apenas sintomas leves, geralmente semelhantes aos sintomas de um resfriado comum, mas em menores de 2 anos a infecção pode evoluir para sintomas mais graves e associados à bronquiolite;
• Inicialmente, há coriza, tosse leve e, em alguns casos, febre;
• Em um a dois dias, pode haver piora da tosse, dificuldade para respirar, aumento da frequência respiratória — com chiado a cada expiração — e dificuldade também para mamar e deglutir. Como sinal da menor oxigenação, pode haver azulamento dos dedos e lábios.
• A maioria dos adultos apresenta uma infecção leve do trato respiratório superior pelo VSR, com sintomas que duram apenas alguns dias. Alguns, no entanto, desenvolvem doenças graves do trato respiratório inferior, incluindo pneumonia, sobretudo a partir de 60 anos de idade.
• Além disso, a infecção pelo VSR em indivíduos com 60 anos ou mais pode piorar ou descompensar doenças crônicas pré-existentes. Isso leva a taxas de internação mais altas e, consequentemente, à deterioração do quadro geral de saúde, com perda de independência, declínio cognitivo, e prejuízos na funcionalidade e na qualidade de vida no período posterior à doença.