A preocupante queda nas taxas de cobertura vacinal tem se tornado uma questão cada vez mais urgente nos debates de saúde pública. Em meio a avanços significativos no campo da imunização ao longo dos anos, o surgimento de hesitações e desconfianças em relação às vacinas tem contribuído para uma diminuição alarmante na adesão a programas de vacinação.
“Compreender os motivos da baixa vacinal é fundamental para elaborar estratégias eficazes que possam restaurar a confiança no poder e importância das imunizações no Brasil”. Essa frase destaca a importante entrevista com a pediatra Dra Isabella Ballalai, diretora da Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm), que tem ampla experiência na área de imunização na elaboração de campanhas de comunicação e educação em saúde no país.
Segundo Dra Isabella, esse declínio coloca em risco não apenas a saúde individual, mas também a capacidade de controle de epidemias e erradicação de enfermidades que, por muito tempo, estiveram sob controle.Tal cenário desperta preocupações sobre a possível reessurgência de doenças outrora controladas, além de suscitar debates complexos sobre a segurança e eficácia das vacinas.
Ela afirma também que vários exemplos ilustram esse fenômeno, principalmente a preocupante baixa da cobertura entre crianças menores de 5 anos em relação à Covid-19. “A disseminação de desinformação, como a noção falsa de que as vacinas são prejudiciais para as crianças, contribui para esse cenário. O medo de efeitos adversos também desempenha um papel importante”, completa.
“A abordagem de comunicação deve se concentrar em educar sobre as doenças, reavivar a percepção de risco e transmitir genuíno cuidado com os indivíduos e grupos específicos, em vez de simplesmente convocá-los para campanhas de vacinação”, enfatiza a médica.
Ela chama a atenção, ainda, que a abordagem da ‘infodemia’ deve ser similar à de uma doença infecciosa altamente transmissível, exigindo vigilância para identificar os transmissores e os disseminadores de desinformação. “É crucial estar sempre à frente, agindo proativamente para desmascarar informações falsas, pois apenas desmentir não é suficiente para corrigir percepções já arraigadas”, completa.
Na entrevista, ela alerta que é “crucial lembrar que as vacinas não proporcionam proteção vitalícia, como muitos preferem ignorar ou desacreditar, e que não é incomum precisar de reforços em outras vacinas. Vacinas não salvam vidas por si só, o que salva a vida mesmo é a vacinação, porque deixar as vacinas armazenadas em câmaras frias nos centros de vacinação sem uso não salva ninguém. Se ninguém for lá, ela acaba sendo descartada, o que é muito triste para o nosso país”, diz.
A análise das causas por trás desse fenômeno se torna crucial para desenvolver abordagens eficazes que possam reverter essa preocupante tendência. Confira a entrevista completa com a Dra Isabella Ballalai em nosso canal ‘Entrevista com Especialista’, clique aqui.
“Vacinas não salvam vidas por si só, o que salva a vida mesmo é a vacinação”, reforça especialista em entrevista ao ComSaúde Bahia
Covid-19
De acordo com o Ministério da Saúde (MS), a imunização contra a Covid-19 será integrada ao Calendário Nacional de Vacinação a partir de 2024. A recomendação terá como foco as crianças de 6 meses a menores de 5 anos e grupos de maior risco para formas graves da doença. A inclusão já foi avaliada pela Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid-19 (CTAI).
Pesquisa
Com base em informações divulgadas pelo Portal do Butantan no final de outubro, uma pesquisa nacional sobre a cobertura vacinal, realizada pelo Projeto ImunizaSUS, identificou uma série de problemas estruturais que contribuem para a hesitação em relação à vacinação no país. O estudo foi conduzido em colaboração com o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e o Ministério da Saúde. A pesquisa analisou os principais desafios enfrentados na vacinação em 5.000 municípios de São Paulo, com dados referentes a 2021.
Alguns dos problemas identificados estão relacionados ao atraso no recebimento de vacinas, afetando 76,7% dos municípios brasileiros, bem como a irregularidade no fornecimento das vacinas, presente em 60,4% deles. Além disso, foi observada escassez de vacinas em 70,8% dos municípios em todo o país. Questões de armazenamento de vacinas também foram frequentemente mencionadas, com 53,8% dos municípios relatando dificuldades no armazenamento das vacinas no nível central, juntamente com outros problemas relacionados à tecnologia, infraestrutura e educação.
Atenção!
Para obter informações confiáveis, recomendo que a população procure em sites e mídias confiáveis, como a Organização Mundial da Saúde, o Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Imunizações. Esta última possui um site para o público chamado “Família SBIM“, que utiliza linguagem acessível para facilitar a compreensão.
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Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)