Entenda porque o infarto mata mais mulheres do que o câncer de mama – Portal ComSaúde Bahia
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CORAÇÃO FEMININO
Entenda porque o infarto mata mais mulheres do que o câncer de mama
Estudo aponta subdiagnóstico de ataque cardíaco em mulheres. Os sintomas nem sempre parecem estar relacionados ao coração
Por:Susy Moreno | 25/03/2024 às 14:25

As doenças cardiovasculares representam a principal causa de morte no Brasil, totalizando mais de 1.100 óbitos por dia, o que equivale a uma média de 46 mortes por hora. Engana-se quem pensa que essa doença é exclusivamente masculina, pois 30% das brasileiras morrem devido a cardiopatias, e esse percentual tem aumentado nas últimas décadas.

No contexto específico das mulheres, os infartos superam em oito vezes as fatalidades decorrentes do câncer de mama, revelando um cenário preocupante. Dados do Ministério da Saúde indicam que uma em cada cinco mulheres enfrenta risco de sofrer um infarto.

Apesar da mortalidade feminina após um infarto agudo do miocárdio ser maior em comparação aos homens e delas apresentarem mais fatores de risco associados, um estudo conduzido pelo Hospital Alemão Oswaldo Cruz revelou que o infarto em mulheres é subdiagnosticado no país.

A pesquisa, premiada no Congresso da Sociedade Latino-Americana de Cardiologia Intervencionista, destacou que, após um ano do evento, 11,1% das mulheres não sobrevivem, enquanto nos homens esse índice é de 8,93%. O estudo mostrou que, ao chegarem ao pronto atendimento com sintomas de infarto, as mulheres são subestimadas e têm menos acesso ao cateterismo em comparação aos homens.

Por que acontece o subdiagnóstico?
O subdiagnóstico acontece porque, quando uma mulher chega a uma unidade de saúde com sintomas de infarto, o socorro costuma ser mais lento e o protocolo usado para identificar o infarto nos homens nem sempre é aplicado nelas. Além disso, as mulheres têm menos acesso ao cateterismo em comparação aos homens.

Enquanto ambos os sexos podem experimentar dor no peito, as mulheres também podem apresentar sintomas menos típicos, como desconforto nas costas, mandíbula, pescoço e ombros, além de náusea, falta de ar, fadiga e sudorese. Essa variedade nos sintomas femininos pode tornar o diagnóstico mais desafiador.

Cuidados na menopausa
O especialista em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, Sérgio Câmara, explica que o climatério torna as mulheres mais suscetíveis ao infarto. “Com a chegada da menopausa, observa-se uma queda na produção de estrogênio, hormônio essencial na dilatação das artérias. A diminuição desse hormônio aumenta os riscos de entupimento, podendo desencadear um ataque cardíaco”, explicou.

Fatores de risco
Ainda segundo Sérgio Câmara, as mulheres enfrentam mais fatores de risco associados, como hipertensão, diabetes, sobrepeso e dislipidemia. Isso, combinado com a subestimação de seus sintomas, aumenta a probabilidade de não sobreviverem a episódios cardiovasculares. Por isso, “é importante que as equipes de saúde priorizem uma abordagem mais intensiva e humanizada no atendimento, que valorize as queixas das mulheres”, completou.

Outro ponto que ele chama atenção é para o acúmulo de responsabilidades relacionadas à vida profissional, cuidados com a casa e filhos intensificam os níveis de estresse feminino, um fator de risco adicional para o infarto, já que o estresse eleva a pressão arterial e a frequência cardíaca.

O que é um infarto?
O infarto, ou ataque cardíaco, ocorre quando o fluxo sanguíneo para uma parte do músculo cardíaco é bloqueado, frequentemente devido à formação de um coágulo. Esta obstrução resulta em danos ao tecido cardíaco devido à falta de oxigênio.

Coração

Diagnóstico
O cateterismo cardíaco desempenha um papel fundamental no diagnóstico, pois permite que médicos visualizem as artérias coronárias, identifiquem bloqueios e avaliem a extensão dos danos. Durante o procedimento, um cateter é inserido nas artérias coronárias, permitindo a injeção de contraste para uma visualização direta, facilitando diagnósticos precisos e a determinação de estratégias de intervenção.

Cuidados essenciais
A boa notícia é que, apesar dos desafios, 85% dos riscos de doenças cardiovasculares podem ser evitados com hábitos saudáveis. Além de acompanhamento médico regular, as mulheres devem controlar a pressão arterial e o diabetes, adotar uma dieta balanceada, praticar atividades físicas, parar de fumar e reduzir o consumo de álcool, minimizando assim os riscos de infarto e outras complicações cardiovasculares.

Alerta!
Segundo o cardiologista Sérgio Câmara, aproveitar o mês da mulher para trazer este alerta é importante porque, mesmo que as mulheres tenham menos infartos, seus quadros tendem a ser mais graves, requerendo atenção prioritária.

A atenção médica rápida diante de qualquer sinal de desconforto cardíaco é fundamental. Além disso, o exame de cateterismo cardíaco é essencial para o diagnóstico devido à sua capacidade de fornecer informações detalhadas sobre as artérias coronárias e o fluxo sanguíneo para o músculo cardíaco“, completou.

Dr. Sérgio Câmara