Entidades manifestam oposição à pesquisa do CFM sobre vacinação contra a COVID-19 em crianças – Portal ComSaúde Bahia
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VACINAÇÃO/ COVID-19
Entidades manifestam oposição à pesquisa do CFM sobre vacinação contra a COVID-19 em crianças
Entidades médicas destacam que este não é o momento adequado, pois a hesitação em relação à vacinação ainda é significativa no Brasil.
Por:Redação | 15/01/2024 às 07:13

Na última semana, o Conselho Federal de Medicina (CFM) conduziu uma pesquisa para entender a percepção dos médicos brasileiros sobre a obrigatoriedade da vacinação contra a covid-19 em crianças de 6 meses a 4 anos e 11 meses. Logo após a divulgação da iniciativa, algumas entidades manifestaram-se contrárias à realização da pesquisa.

A Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm) considerou que “a pesquisa conduzida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) não trará nenhum benefício à sociedade, uma vez que, ao equiparar crenças pessoais à ciência, pode gerar insegurança na comunidade médica e afastar a população das salas de vacinação”.

Já a Fundação José Luiz Egydio Setúbal, a maior fundação familiar que atua pela saúde das crianças brasileiras, enfatizou que apoia a obrigatoriedade da vacinação em crianças e declarou que se une à manifestação da SBIm

Em nota, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) em conjunto com a Sociedade Brasileira Infectologia (SBI) declararam que respeita e apóia as decisões do Programa Nacional de Imunizações (PNI) que são pautadas pelas melhores evidências científicas disponíveis em prol da saúde da população pediátrica brasileira.

Em resposta às manifestações, o Conselho Federal explicou, em nota no último dia 12, que “a pesquisa não questiona a eficácia ou a decisão do Ministério da Saúde de disponibilizar a vacina para a população infantil. O objetivo é compreender a visão dos médicos, como profissionais capacitados a expressar opiniões embasadas em conhecimento técnico-científico, sobre a obrigatoriedade imposta aos pais para que as crianças nessa faixa etária sejam vacinadas contra a COVID-19, independentemente de prescrição médica”. Confira a nota na íntegra.

De acordo com o documento da SBP e SBI, a pesquisa está aberta a todos os médicos, com quatro perguntas sem opção de argumentos ou comentários, desprovida de metodologia adequada para os objetivos propostos.

“É nosso entendimento que uma pesquisa com estas características possibilita interpretações equivocadas, e sem perspectivas de fornecer conclusões baseadas em evidências científicas, não sendo, portanto um instrumento de utilidade ao Conselho no que diz respeito a posicionamentos e tomadas de decisões. A discussão sobre a obrigatoriedade da vacinação não pode se misturar com as recomendações e evidências científicas do benefício da vacinação”, enfatiza a nota.

As entidades afirmam que “existem claras evidências que apontam os benefícios da vacinação pediátrica na prevenção das formas agudas da doença, reduzindo o risco de hospitalizações, bem como suas complicações em curto e longo prazo na população pediátrica. Estas evidências marcam a necessidade de que tenhamos vacinas atualizadas e disponíveis para o grupo de crianças menores de 5 anos, onde ainda temos uma proporção significativa de crianças nunca infectadas e sem doses de vacina”.

A carta aberta ainda explica que “o último boletim epidemiológico oficial do Ministério da Saúde, hoje, as maiores taxas de incidência de hospitalização por síndrome respiratória aguda grave (SRAG) por covid-19 encontram-se entre os menores de um ano e os maiores de 80 anos de idade”.

Ambas organizações médicas se colocam a favor da prevenção de doenças através de vacinas disponíveis no Brasil, desde que tenham aprovação da ANVISA e discussão especializada e aprovada pela Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI).

“Assim, SBI e SBP, se manifestam contra este tipo de pesquisa pouco útil sugerida pelo CFM e permanece fiel a todas as recomendações que visam melhorias na Saúde Pública do nosso país”.