Especialistas explicam como o ambiente em que vivemos pode impactar nossa saúde mental
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SAÚDE MENTAL
Especialistas explicam como o ambiente em que vivemos pode impactar nossa saúde mental
A criação de espaços públicos de acolhimentos são algumas das medidas que contribuem para a saúde e bem-estar da população
Por:Redação | 23/10/2023 às 12:35

O bem-estar psicológico está ligado, também, às condições de moradia e à relação com a comunidade onde vivemos. Ambientes de vulnerabilidade nos quais os serviços de transporte são inadequados, o saneamento é inadequado, somados a insegurança e dificuldade de encontrar serviços essenciais, colaboram para o comprometimento da saúde mental dos moradores.

“Um exemplo são os lugares mais vulneráveis, onde há violência, abuso policial e pouco amparo dos poderes públicos, ocasionando estresse e o sentimento de medo. Isso acaba impactando na saúde mental dos indivíduos, pois eles tendem a ficar a todo tempo buscando se preservar, se auto monitorando e atentos às características do ambiente, o que desencadeia um estresse em larga escala”, afirma o doutor em Psicologia Social e professor da Universidade Salvador (UNIFACS), Gilcimar Dantas.

O especialista também afirma que conviver diariamente ou até mesmo morar em espaços menores e com muitas pessoas também contribuem para intensificar o estresse ou a ansiedade. Muitas personalidades convivendo em um mesmo lugar, em condições precárias e com necessidades distintas, interferem diretamente na saúde mental dos envolvidos. 

Medidas

Para amenizar o problema, o professor aponta a importância de políticas públicas que promovam qualidade de vida nas comunidades, incluindo saneamento, iluminação, espaços de lazer e investimento em cultura. Outro ponto relevante é incentivar a participação ativa da comunidade no processo de planejamento dos espaços. “Esse envolvimento pode ser feito por meio de consultas públicas e reuniões, ajudando a garantir que as intervenções atendem os problemas e expectativas locais, promovendo o senso de pertencimento e identidade com a cidade”, ressalta.

Planejamento urbano

Segundo o professor de Arquitetura e Urbanismo da universidade, Manoel Messias, de fato, “o planejamento urbano deve fomentar o uso do espaço público, valorizando espaços de encontros e contemplativos, de forma que promovam a interação social. Praças, parques, calçadões e áreas de convívio devem ser projetados com mobiliário urbano adequado, áreas de descanso, espaços para eventos e atividades culturais”.

O especialista também reforça que os espaços públicos devem ser acolhedores, fornecendo elementos que incentivem as pessoas a se encontrarem, interagirem e fortalecerem os laços sociais. “É importante garantir que eles sejam acessíveis a todas as pessoas, independentemente de suas habilidades físicas. Os elementos urbanos como rampas de acesso, calçadas adequadas, sinalização clara e equipamentos adaptados são exemplos de intervenções que promovem a inclusão e a igualdade de acesso. Para além, as áreas verdes urbanas devem ser pensadas como parte da infraestrutura necessária para se viver nas cidades”, pontua.

Outra forma de acolhimento e incentivo para a melhora da saúde mental são os elementos urbanos relacionados à mobilidade e a prática de atividades físicas, por meio de ciclovias, trilhas para caminhadas, equipamentos de ginástica ao ar livre, maneiras de oferecer elementos para a saúde e o bem-estar da população.