Estudo permite diagnosticar a prisão de ventre em crianças sem recorrer ao toque retal – Portal ComSaúde Bahia
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PRISÃO DE VENTRE
Estudo permite diagnosticar a prisão de ventre em crianças sem recorrer ao toque retal
Brasileiros oferecem uma alternativa inovadora que possibilita uma avaliação mais detalhada e precisa da constipação em crianças de 4 e 5 anos
Por:Redação | 08/04/2024 às 09:31

O diagnóstico preciso da constipação intestinal (prisão de ventre) em crianças sempre foi um desafio, principalmente devido à falta de métodos específicos e quantitativos. O método de Roma IV, adotado mundialmente, baseia-se em seis perguntas, e tendo duas respostas positivas indicam constipação. Caso somente uma pergunta seja positiva, é necessário, então, um toque retal para confirmação. Essa abordagem, embora eficaz na confirmação, não oferece uma avaliação do grau de constipação.

Para superar essa limitação, um estudo desenvolvido na Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, publicado no Journal of Pediatric Urology, adaptou e validou para uso pediátrico o Cleveland Constipation Score (CCS), originalmente desenvolvido para avaliar a constipação em adultos. O CCS é uma ferramenta abrangente que proporciona um diagnóstico mais preciso e elimina a necessidade de toque retal.

O estudo, publicado e validado para a população pediátrica, oferece uma alternativa inovadora, permitindo uma avaliação mais detalhada da constipação em crianças a partir de 4 ou 5 anos. Ao quantificar a intensidade da constipação, o CCS promete ser um instrumento valioso no diagnóstico e acompanhamento dessa condição com maior precisão.

“Solicitamos a autorização ao autor do CCS para que pudéssemos adaptar esta ferramenta para a população pediátrica e ele concordou”, conta o urologista pediátrico Dr. Ubirajara Barroso, que foi orientador da pesquisa, fruto do trabalho de doutorado da coloproctologista Glícia Abreu.

Os pesquisadores estão em negociação com uma Universidade americana para validar o score no idioma inglês, o que pode torná-lo o novo padrão mundial. “Essa iniciativa não apenas ampliará o alcance da ferramenta, mas também contribuirá para sua aceitação global, representando um avanço significativo na abordagem diagnóstica da constipação em crianças”, afirma Dr Ubirajara Barroso.

Constipação intestinal
Segundo a coloproctologista Glícia Abreu, a criança começa a ter controle da defecação em torno dos 3 anos. “O tratamento da constipação pode ser complexo”, diz a médica. A constipação intestinal atualmente é definida se a criança tem pelo menos dois itens positivos dos critérios de Roma IV. “Esses critérios incluem seis itens: defecar menos que 3 vezes por semana, dor e esforço para defecar, episódio de incontinência fecal, postura retentiva, massa fecal no reto e fezes grandes”, explica Glícia.

“Cerca de 40% das crianças constipadas reincidem após um ano de tratamento para a constipação. Também já se observou que 25% das crianças constipadas se tornam adultos constipados e muitas vezes de difícil tratamento. Além disso, os responsáveis muitas vezes suspendem o uso necessário de laxantes por receio de o ‘intestino se acostumar’!”, alerta a médica.

Incontinência urinária x constipação
Dr. Ubirajara destaca que cerca de 50% das crianças com incontinência urinária também têm constipação e que é preciso tratar os dois problemas por um interferir no outro. A eletroneuroestimulação parassacral, que é utilizada pela equipe dele desde 2001 no tratamento da incontinência urinária infantil, também tem tido eficácia no tratamento da prisão de ventre.

Esse é o primeiro recurso que trata as duas condições juntas, pois a terapêutica para disfunção vesicointestinal atualmente engloba duas modalidades de tratamento, uma para cada problema”, explica o Dr. Ubirajara. “A literatura também salienta que o tratamento da constipação é ponto chave para o tratamento dos sintomas urinários”, conclui a Dra. Glícia.