Um estudo liderado por pesquisadores da Bahia descobriu uma nova variante do vírus HIV, que se não tratado pode culminar em AIDS. A descoberta é resultado de uma coleta de 200 amostras de sangue de pacientes com HIV e que estão em acompanhamento no ambulatório de infectologia do Hospital Universitário Professor Edgard Santos, unidade da Universidade Federal da Bahia e vinculada à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Hupes-UFBA/Ebserh).
De acordo com o estudo, a nova variante combina genes dos subtipos B e C do HIV, predominantes no Brasil, e por isso é chamada de vírus recombinante. Há registros da nova variante na Bahia, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
“Estudamos as características genéticas do HIV em um grupo de pacientes de nosso ambulatório (Hupes-UFBA/Ebserh) e detectamos um vírus recombinante, mistura de dois vírus diferentes, em um paciente. Este recombinante já havia sido detectado em três outros pacientes em outros estudos e nosso achado demonstra que ele já circula na Bahia”, afirma Carlos Brites, professor da UFBA e coordenador do Laboratório de Infectologia do Hupes-UFBA/Ebserh, que colaborou com o estudo.
Os vírus recombinantes podem ser únicos, quando são encontrados em um único indivíduo que passou por uma reinfecção, ou podem ser recombinantes viáveis ou circulantes, quando se tornam versões transmissíveis. É o caso da nova variante descoberta, batizada de CRF146_BC.
A pesquisadora da UFBA, bióloga e co-autora do estudo, Joana Paixão, explica que é possível que o vírus também esteja presente em outras partes do país, mas ainda sem identificação.
“Vale ressaltar que nem sempre é possível a identificação de genomas recombinantes, porque eles são vírus que têm partes de um subtipo numa região do genoma e partes de outros subtipo em outra região. Para dizer com certeza se é um recombinante, em geral, é preciso ter a sequência completa do genoma viral. Então, é possível que não só essa, como muitas outras formas recombinantes estejam circulando nas várias regiões do Brasil”.
Isso pode servir como um alerta tanto para a população quanto para os órgãos responsáveis pelo controle epidemiológico do HIV. É crucial promover medidas preventivas, como o uso de preservativos e a não compartilhamento de seringas. Essas medidas são eficazes na prevenção da infecção e devem ser incentivadas também entre as pessoas soropositivas para reduzir os casos de reinfecção.