Herpes Zoster: Saiba como esse vírus pode causar reações graves – Portal ComSaúde Bahia
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HERPES ZOSTER
Herpes Zoster: Saiba como esse vírus pode causar reações graves
Muito além das conhecidas feridas pelo corpo, virose pode ensejar quadros agudos de infecção que comprometem os músculos da face e a estrutura do canal auditivo
Por:Susy Moreno | 19/04/2024 às 10:36

Você já deve ter reparado como tem sido frequente ouvirmos relatos de pessoas que tiveram a chamada herpes zoster – doença causada pelo vírus Varicela-Zoster (VVZ), o mesmo que provoca a catapora. Seja nos noticiários, que mostram inúmeros casos de famosos acometidos pela doença, seja em nossos próprios círculos de relacionamento, esse tipo de informação vem se repetindo assiduamente.

Tal percepção, aliás, é corroborada por estudo recente, com base em dados do Sistema Único de Saúde (SUS), assinado por pesquisadores da Universidade Estadual de Montes Claros (MG). O levantamento concluiu que os casos de herpes zoster subiram 35% após o início da pandemia de Covid-19, em 2020.

As razões desse aumento, no entanto, ainda são alvo de discussões científicas. Mas é certo que toda precaução é válida. Afinal, as consequências provocadas por essa virose podem ir muito além das feridas, que é a forma mais clássica de manifestação da Varicela-Zoster – e, a propósito, já causam bastante dor e incômodo.

Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia o herpes zoster é mais comum no idoso, e tem origem na reativação do vírus após a primeira ocorrência de varicela. Várias condições estão associadas ao aparecimento do herpes zoster, como baixa imunidade, câncer, trauma local, cirurgias da coluna e sinusite frontal. Os idosos mostram uma diminuição da imunidade ao vírus, o que explica sua maior ocorrência após a quinta década.

Paralisia no rosto
Nesse rol, a paralisia facial infecciosa é com certeza uma das grandes preocupações a quem está com o problema. Considerada grave, essa anomalia requer atendimento médico imediato. Isso porque, trata-se de uma reação inflamatória envolvendo o nervo facial, que incha e fica comprimido dentro de um estreito canal ósseo localizado atrás da orelha, prejudicando a movimentação do rosto, sobretudo da boca.

“Isso pode ocorrer sempre na reativação viral de pessoas que já tiveram a infecção primaria anteriormente, quando o vírus fica latente no gânglio dos nervos”, explica o Dr. José Ricardo Gurgel Testa, otorrinolaringologista do Hospital Paulista e especialista neste tipo de atendimento. O especialista destaca que, na maioria das vezes, esses casos são reversíveis. Mas é preciso rapidez no diagnóstico, daí a importância da avaliação médica o quanto antes.

Audição e equilíbrio
Outras consequências relacionadas à Varicela-Zoster, segundo o médico, são alterações auditivas severas e do equilíbrio corporal provocadas pela infecção viral, quando alcançada a região do ouvido, além de dor na região da face ou do pescoço a longo prazo.

“São outras reações que nós, otorrinolaringologistas, costumamos lidar junto a pacientes que têm herpes zoster. Todas merecem bastante atenção, pois podem ensejar problemas maiores, se não houver o tratamento adequado”, alerta.

Quanto à recuperação, Dr. José Ricardo esclarece que tudo depende da extensão do dano causado pelo vírus, assim como das condições clínicas e idade do paciente. “Em grande parte dos casos, esses quadros clínicos costumam regredir à medida que o tratamento evolui, especialmente quando associados à medicação, fisioterapia, fonoterapia e outras técnicas que ajudam estimular a musculatura da mímica facial e da fala.”

Pacientes imunodeprimidos
O Ministério da Saúde chama a atenção para os pacientes imunodeprimidos, ou seja, que fizeram transplante e tomam imunossupressores, as lesões surgem em localizações atípicas e, geralmente, disseminadas. O envolvimento do VII par craniano, ou seja, de nervos que fazem conexão com o cérebro, leva à combinação de paralisia facial periférica e rash no pavilhão auditivo, denominada síndrome de Hawsay-Hurt, com prognóstico de recuperação pouco provável. O acometimento do nervo facial (paralisia de Bell) apresenta a característica de distorção da face. Lesões na ponta e asa do nariz sugerem envolvimento do ramo oftálmico do trigêmeo, com possível comprometimento ocular.

A vacina como prevenção
A quem deseja evitar qualquer possibilidade de contato com a doença, o médico destaca que a vacinação é a forma mais eficiente e recomendável, hoje em dia, para se precaver contra a herpes zoster. “A prevenção na infância é tomar a vacina contra a catapora e, nos adultos com mais de 50 anos ou imunocomprometidos, tomar a vacina contra o herpes zoster em duas doses”, explica Dr José Ricardo.

De acordo com o Ministério da Saúde a vacina varicela está licenciada no Brasil na apresentação monovalente ou combinada com a vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) e a tetraviral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela). A vacina tetraviral só deverá ser administrada aos 15 meses de idade se a criança tiver recebido uma dose da vacina tríplice viral entre 12 e 14 meses. A vacina varicela monovalente é indicada para surto hospitalar a partir dos nove meses de idade.

Sinais e sintomas – Fonte: MS
O quadro clínico do herpes-zóster, ou seja, os sinais e sintomas da doença, é quase sempre típico. Na maior parte dos casos, antecedem às lesões cutâneas (na pele) os seguintes sintomas:

• Dores nevrálgicas (nos nervos);
• Parestesias (formigamento, agulhadas, adormecimento, pressão etc);
• Ardor e coceira locais;
• Febre;
• Dor de cabeça;
• Mal-estar