O aspecto emocional e sua influência no tratamento da obesidade – Portal ComSaúde Bahia
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GORDOFOBIA
O aspecto emocional e sua influência no tratamento da obesidade
Psicóloga explica que a gordofobia pode levar a quadros de depressão e transtornos alimentares
Por:Redação | 13/01/2024 às 07:05

No Brasil, atualmente, cerca de 41 milhões de pessoas com mais de 18 anos apresentam obesidade, correspondendo a 26% da população. Um estudo publicado pela World Obesity Federation (WOF) em 2023 revela que, até 2035, a previsão é que a proporção de brasileiros com obesidade alcance 41% da população. Além das estatísticas preocupantes, existe também o preconceito associado à obesidade, o qual contribui para problemas de saúde mental.

A gordofobia corresponde a casos de pessoas excluídas, inferiorizadas, humilhadas ou que sofrem com atitudes que reforçam estereótipos. E essas questões influenciam não só no tratamento, como também na possibilidade de levar a quadros de depressão e transtornos alimentares.

“As atitudes gordofóbicas não levam as pessoas a buscarem tratamento para a obesidade. Pelo contrário, afastam as pessoas dos serviços de saúde, já que despertam o medo de serem julgadas até pelos próprios profissionais de saúde”, afirma a psicóloga Andrea Levy, presidente da ONG Obesidade Brasil, a primeira organização sem fins lucrativos do mundo direcionado a pessoas com obesidade.

Ela ainda diz que indivíduos com obesidade grave não encontram serviços de saúde adequados para atendê-los nem sob o ponto de vista de estrutura, como cadeiras e macas, nem muitas vezes sob o ponto de vista de profissionais preparados para receber essas pessoas. Muitas vezes os médicos deduzem que o problema de saúde está diretamente relacionado com a obesidade, sem que seja feita uma investigação mais detalhada da verdadeira causa.

Sentimentos
Pessoas com obesidade também se sentem oprimidas no acesso a transporte e espaços públicos e rotuladas como quem não tem força de vontade, mas há poucas opções de academias ou centros esportivos adequados para pessoas com excesso de peso. “A gordofobia ainda pode fazer com que muitos tenham vergonha de procurar um esporte ou uma academia por medo de serem ridicularizados e de ouvirem piadinhas. E isso pode fazer com que eles se afastem do convívio social e até mesmo de atividades como ir à praia ou à piscina”, explica a psicóloga.

Preconceito
Além das atividades pessoais, no âmbito profissional também existe o preconceito, por exemplo, no momento da contratação nas empresas. Recrutadores utilizam justificativas sem sentido para recusar o candidato com obesidade e ainda existem concursos públicos que exigem o padrão IMC (Índice de Massa Corpórea) nos anúncios ou implicitamente. Segundo a ferramenta Data Lawyer, em 2022 a Justiça contabilizava 419 processos envolvendo gordofobia, dos quais, 328 foram ajuizados durante a pandemia (2020 e 2021).

Dificuldades
Essas situações dificultam o tratamento da obesidade e reforçam a importância de um acompanhamento psicológico para que os resultados sejam obtidos da melhor maneira. Há também a questão de outros problemas de saúde como ansiedade, transtornos alimentares, depressão, entre outros que podem refletir no consumo excessivo de alimentos não saudáveis, o que acaba agravando a obesidade e a saúde geral.

A obesidade
“A obesidade é uma doença crônica e multifatorial, dependente de genética, ambiente e está estreitamente ligada às questões de saúde mental. Sabemos que quanto mais grave é a obesidade, maior é a chance de a pessoa ter quadros de transtorno do humor, como a depressão, ansiedade, transtornos de personalidade que podem ser desencadeados ou agravados pelo comprometimento da qualidade de vida que a própria obesidade gera. Portanto, o quanto antes for iniciado o tratamento, melhor será o prognóstico”, conclui Andrea.

Fonte: Instituto Obesidade Brasil