OMS declara emergência de saúde pública devido ao risco de disseminação global da Mpox – Portal ComSaúde Bahia
Foto:Agência Brasil
ALERTA PARA A “VARÍOLA M”
OMS declara emergência de saúde pública devido ao risco de disseminação global da Mpox
Em 2024, os casos já superam o total registrado em 2023. Já são mais de 14 mil, com 524 mortes.
Por:Susy Moreno | 15/08/2024 às 08:04

De acordo com a Agência Brasil, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou nesta quarta-feira emergência em saúde pública de importância internacional para o Mpox (conhecida como varíola do macaco) no continente africano. Este é o mais alto nível de alerta da entidade e, segundo a OMS, a medida é necessária em razão do risco de disseminação global e de uma potencial nova pandemia.

O diretor-geral, Tedros Adhanom, destacou em coletiva que há mais de uma década são registrados surtos de Mpox na República Democrática do Congo e que as infecções têm aumentado ao longo dos últimos anos. Em 2024, os casos já superam o total registrado em 2023. Já são mais de 14 mil, com 524 mortes. O diretor-geral afirmou ainda que uma resposta internacional de forma coordenada é essencial para interromper os surtos e salvar vidas.

Embora o cenário regional mostre a necessidade de manter a vigilância de novos casos de Mpox no país, o panorama atual não caracteriza surto. O objetivo é interromper a transmissão da doença entre as pessoas, com foco prioritário em grupos de alto risco de exposição ao vírus, com medidas efetivas de saúde pública.

O Infectologista e presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, Renato Kfouri, explica que o Clado 1, espécie de variante do vírus, que vem circulando atualmente no Congo, parece ter adquirido uma capacidade de transmissibilidade e de letalidade maior e considera a decisão da OMS acertada.

Além do contato com pessoas infectadas pelo vírus, a transmissão para humanos também pode ocorrer por meio do contato com animais silvestres infectados e materiais contaminados.

Entenda sobre a Monkeypox (Mpox)
A Monkeypox é uma zoonose causada por um vírus do gênero Orthopoxvirus, da família Poxviridae, que se assemelha à varíola humana, erradicada em 1980. O primeiro caso humano da Monkeypox foi registrado em 1970 na República Democrática do Congo, durante um período de esforços intensificados para eliminar a varíola (BRASIL, 2022).

Segundo a Sociedade Brasileira de Primatologia (SBPr), apesar do vírus receber a nomenclatura de varíola dos macacos, a doença não tem a participação de macacos na transmissão para seres humanos. Todas as transmissões identificadas pelas agências de saúde no mundo foram atribuídas à contaminação por transmissão entre pessoas.

Situação no Brasil
O Ministério instala hoje (15) um Centro de Operações de Emergência em Saúde (COE) para coordenar as ações de resposta à Mpox. A pasta já iniciou a atualização das recomendações e do plano de contingência para a doença no Brasil.

Em 2024, foram notificados 709 casos confirmados ou prováveis, um número significativamente menor em comparação aos mais de 10 mil casos notificados em 2022, durante o pico da doença no Brasil. Desde 2022, foram registrados 16 óbitos, sendo o mais recente em abril de 2023.

Situação na Bahia
A Bahia registrou, até esta quarta-feira (14), 38 casos de varíola mpox em 2024. Os números são atualizados pela Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) após investigação do Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-BA).

Ainda há dois casos suspeitos sob investigação e nenhuma morte foi contabilizada. Um documento divulgado pela Sesab indica que 21 dos pacientes infectados são residentes de Salvador.

Sintomas
Cansaço, febre, calafrios, dor de cabeça, dor no corpo, ínguas, bolhas ou feridas na pele podem ser sinais da manifestação da Mpox, doença viral transmitida de pessoa para pessoa. Vale o alerta: qualquer pessoa pode apresentar os sintomas.

Fique atento à piora dos sintomas ou aumento da quantidade de bolhas e feridas no corpo, além de problemas nos olhos, como inchaço e conjuntivite.

Em caso de suspeita da doença, é muito importante procurar imediatamente uma unidade de saúde e evitar o contato com outras pessoas.

Transmissão
A transmissão da Mpox ocorre por contato (beijos, abraços, relação sexual) com secreções infectadas das vias respiratórias, feridas ou bolhas na pele da pessoa infectada; e também com o compartilhamento de objetos contaminados recentemente com fluidos do paciente ou materiais da lesão.

Se apresentar algum sinal, procure uma unidade de saúde para confirmação da doença por meio de exame laboratorial e para o tratamento adequado.

Evitar contato! Para casos suspeitos, evite o contato próximo com outras pessoas até o desaparecimento dos sintomas. A recomendação é fazer isolamento imediato e não compartilhar objetos e material de uso pessoal, como toalhas e roupas de cama, por exemplo.

Tratamento
Não há tratamento específico para a infecção pelo vírus da mpox. A atenção médica é usada para aliviar dores e demais sintomas e prevenir sequelas em longo prazo.

Vacinação
A vacinação contra a Mpox foi iniciada em 2023, durante a Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional, com o uso provisório da vacina liberado pela Anvisa, priorizando a proteção das pessoas com maior risco de evolução para formas graves da doença. Desde o início da vacinação, mais de 29 mil doses foram aplicadas.

A vacinação está direcionada para o público prioritário. Entre o público elegível para a vacinação, estão as pessoas que vivem com HIV/Aids com status imunológico identificado pela contagem de linfócitos T CD4 inferior a 200 células nos últimos seis meses e profissionais que atuam diretamente em contato com o vírus em laboratórios (pré-exposição).

Além desses grupos, também está prevista a vacinação para pessoas que tiveram contato direto com os fluidos e secreções corporais de casos suspeitos ou confirmados para a doença (pós-exposição).

Para a vacinação pré-exposição, é recomendado respeitar um intervalo de 30 dias entre qualquer vacina previamente administrada. Em situação de pós-exposição, cujo principal objetivo é bloqueio da transmissão, a recomendação é que a aplicação seja realizada independentemente da administração prévia de qualquer imunobiológico.

Na Bahia, o primeiro lote de vacinas contra a Monkeypox  foi entregue nesta terça-feira (14), para a Secretaria da Saúde da Bahia. As 452 doses foram levadas para a Central Estadual de Armazenamento e Distribuição de Imunobiológicos (CEADI), onde ficarão armazenadas.

Mais informações ainda serão divulgadas de quando estas vacinas estarão disponíveis nos postos de saúde.