Carnaval é sinônimo de agitação, euforia e disposição para aproveitar os blocos. Apesar do clima de diversão e alegria, existem alguns vilões que podem acabar com a festa. Um deles é a temida ressaca. Neste período, na tentativa de driblar o mal-estar provocado pela ingestão excessiva de bebidas alcoólicas, vários foliões recorrem ao famoso “kit ressaca”. Geralmente composto por antiácidos, analgésicos e anti-inflamatórios, esse combo costuma parar nas mãos dos consumidores sem prescrição e orientação médica.
Farmacêutico da Assiste Vida, empresa baiana de atenção domiciliar, Danilo Suque explica que a ação desses medicamentos é limitada, muitas vezes não sendo capaz de combater a intensidade dos sintomas causados pela intoxicação alcoólica, a exemplo de fortes dores de cabeça, náuseas, fadiga e desidratação. “O fígado tem a função de metabolizar e ajudar na eliminação de todo o álcool ingerido. Quando há exagero, ocorre a sua sobrecarga, levando ao aumento na perda de líquidos, hipoglicemia, entre outros quadros sérios. Normalmente essas consequências não são resolvidas pelos fármacos presentes nos kits”, sinaliza.
Outro problema em relação à automedicação é a interação que pode acontecer a partir da junção do fármaco disponível no mercado, vendido com ou sem receita, com a bebida. Dentre os riscos destaca-se a alteração de enzimas e de demais substâncias corporais. “O álcool tem poder de diminuir ou potencializar os efeitos dos medicamentos. As reações adversas vão desde alterações gastrointestinais, como enjoos, a taquicardia, convulsões, intoxicação aguda e até mesmo a morte”, adverte o profissional.
Embora estudos científicos já tenham provado que essa união não combina, o uso de medicamentos por conta própria segue uma mania preocupante. De acordo com pesquisa realizada pelo Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ), em parceria com o Datafolha, entre 2014 e 2022, o número de brasileiros com 16 anos ou mais que tomaram remédios sem qualquer indicação de um especialista subiu de 76% para 89%. Já a Associação Brasileira das Indústrias Farmacêuticas (Abifarma) estima que cerca de 20 mil pessoas vão a óbito anualmente no país por causa do uso indiscriminado de drogas medicamentosas.
Medidas paliativas
Como a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que não há quantidade ideal de álcool para evitar a ressaca no dia seguinte e remédios específicos com a finalidade de curá-la, a moderação é o melhor caminho a fim de amenizar a situação. Segundo o farmacêutico da empresa de atenção domiciliar, é possível adotar algumas medidas básicas. São elas:
• Intercalar as bebidas com água, ingerindo um copo para cada dose;
• Comer antes e depois de beber, com o objetivo de retardar o processo de chegada ao fígado;
• Descansar e dormir bem;
• Evitar a prática de atividades exaustivas ao longo da recuperação.
Uso racional de medicamentos
Para que a administração dos medicamentos seja feita de forma segura e eficaz, conforme as necessidades clínicas, doses adequadas e horários indicados, os pacientes precisam ter acesso à orientação e sistema de gestão de fármacos atualizado. Atento a isso, os farmacêuticos da Assiste Vida analisam as prescrições médicas e compartilham as informações com a equipe multidisciplinar clínica, possibilitando a adequação e redução dos danos referentes à utilização.
“Por entendermos a necessidade de fortalecimento da consciência no que diz respeito ao uso racional de medicamentos, trabalhamos com envios fracionados e em doses unitárias, identificados por lote e validade. O processo de dispensação é feito de maneira eletrônica e todos os itens solicitados para assistência do paciente passam por dupla checagem”, ressalta Danilo Suque.