A repercussão nacional da morte de um jovem de 27 anos, em São Paulo, durante a realização de um procedimento chamado “Peeling de Fenol”, acendeu novamente o alerta dos especialistas, sobre os riscos das intervenções estéticas em clínicas, sem o suporte médico, que é uma necessidade em diversos casos, onde a saúde deve estar aliada.
Com complicações severas e impactos que podem levar à morte, os desejos de corrigir problemas indesejados na pele, no rosto ou no corpo, acabam se confrontando com um mercado onde falta cuidado adequado, que ultrapassa limites exclusivos de especialistas que tenham passado pela formação médica.
Dados de um estudo brasileiro publicado no jornal Surgical & Cosmetic Dermatology este ano, revelam que 58,3% dos entrevistados se sentem influenciados pelas redes sociais no que tange a autoimagem e 66,9% manifestaram intenção de realizar algum procedimento estético.
Um levantamento promovido pela empresa de consultoria HSR, em 2022, apontou que na faixa etária entre 18 e 25 anos, 80% dos jovens desejava realizar alguma intervenção estética ou cirúrgica, enquanto o total de adultos na faixa dos 40 anos era de 60% e nas pessoas acima dos 60 anos, o número chegou aos 40%.
Segundo a Cirurgiã Giselle Schrama, especializada em medicina estética e professora de Cirurgia Geral na Faculdade de Medicina de Petrópolis, tem sido comum encontrar pacientes que passaram por procedimentos em clínicas de estética, que buscam o auxílio de um especialista na área, após apresentarem lesões ou agravamento de efeitos colaterais após os atendimentos estéticos.
“O médico sabe bem quais são os impactos de cada ação, substância ou ponto onde são realizadas essas intervenções. O uso de ácidos, toxinas e incisões feitas de forma equivocada, podem causar problemas como a cegueira, necrose e até mesmo a morte. A busca dos pacientes por preços acessíveis, sem o entendimento de quais as técnicas usadas, produtos aplicados ou cuidados com o ambiente e o paciente, podem sair mais caro do que o esperado, levando a resultados lamentáveis, como no da vítima que passou pelo Peeling de Fenol, em São Paulo”, comenta.
A especialista também reforça a necessidade de parâmetros que possam garantir a segurança do paciente envolvido. Além das anamneses, que são avaliações prévias com especialistas, pode ser necessário contar com internações, monitoramento cardíaco, uso de anestesistas ou apoio de equipe multidisciplinar, para alcançar os resultados desejados sem complicações.
“Como vimos nos estudos e neste caso recente, as redes sociais despertam esse interesse pelo imediato, que passa por cima do autocuidado e da preocupação do que pode ser causado de prejuízos à saúde. Procedimentos como o peeling de fenol podem gerar queimaduras, dor intensa, provocar infecções e até questões cardíacas, que são imprevisíveis”, salienta Giselle.
A Sociedade Brasileira de Dermatologia, emitiu uma nota técnica recente em que reforça a necessidade desse procedimento ser feito preferencialmente num hospital, onde a anestesia e o monitoramento cardiovascular são recomendados, para que os resultados esperados de renovação na pele, não sejam agressivos ao ponto de causar outras mortes, como houve neste episódio.