Em um mundo cada vez mais preocupado com questões ambientais e a busca por soluções sustentáveis, a mobilidade urbana ganha destaque como um elemento-chave para a construção de cidades mais habitáveis e ecologicamente responsáveis. Nesse contexto, os ciclistas desempenham um papel fundamental, promovendo uma forma de deslocamento saudável, econômica e amiga do ambiente.
O Dia Mundial do Ciclista, comemorado em 15 de abril, visa promover estilos de vida mais saudáveis e o uso da bicicleta como um meio de transporte eficaz, seguro e ecologicamente correto. Além disso, os objetivos e metas deste dia incluem destacar os benefícios do ciclismo para o bem-estar físico, mental e social.
Melhora a saúde física e mental
O ciclismo é uma atividade física repleta de vantagens para a saúde. Além de melhorar a circulação e a oxigenação do sangue, o que contribui para a prevenção de doenças cardiovasculares, ajuda no controle do diabetes e na redução da incidência de doenças crônicas.
Além disso, é uma excelente forma de combater o estresse, a ansiedade e depressão. Segundo especialistas, isso ocorre devido a uma série de fatores, incluindo o aumento da produção de endorfina, um hormônio que ajuda a aliviar a dor e aumentar a sensação de bem-estar e felicidade.
Indicado para pessoas de todas as idades, independentemente do condicionamento físico, o ciclismo é uma atividade de baixo impacto nas articulações, o que o torna ainda mais acessível. Não é de se surpreender que esteja se tornando cada vez mais popular entre os praticantes de exercícios físicos.
Cenário – mobilidade urbana sustentável
Em um cenário de crescente valorização da mobilidade urbana sustentável, é de grande importância destacar os direitos e deveres do ciclista. Juliana França, advogada especialista em direito do consumidor ressalta essa importância:
“Em meio ao movimento por cidades mais sustentáveis, é crucial que os ciclistas estejam cientes dos seus direitos e deveres enquanto usuários das vias públicas. O aumento do número de ciclistas nas ruas demanda uma maior atenção para garantir a segurança e o respeito a esses indivíduos“.
Estudo sobre mobilidade por bicicletas
De acordo com um estudo, realizado no ano passado, sobre mobilidade por bicicleta e conduzido pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento e pelo Ministério do Desenvolvimento Regional, a maioria dos entrevistados (82,5%) pedala mais de cinco vezes por semana.
Os dados indicam que o principal motivo para utilizar a bicicleta como meio de transporte urbano, citado por 38,4% dos participantes, é a agilidade e a praticidade que esse método de deslocamento proporciona. Em seguida, a preocupação com a saúde foi mencionada por 26% dos entrevistados como motivo para adotar essa prática.
Nesse contexto, o estudo ressalta que pedalar é uma atividade aeróbica, o que sugere seu potencial para melhorar o condicionamento físico e prevenir doenças crônicas degenerativas.
Direitos e deveres dos ciclistas
A advogada destaca que, embora os ciclistas tenham o direito de compartilhar o espaço nas vias públicas, também têm o dever de respeitar as leis de trânsito e as normas de segurança: “Os ciclistas devem obedecer às sinalizações, trafegar na mão correta, utilizar equipamentos de segurança, como capacetes e luzes, e respeitar os pedestres e demais usuários das vias”, afirma.
Além disso, a advogada ressalta a importância de políticas públicas que promovam a segurança e a infraestrutura adequada para os ciclistas: “É responsabilidade do poder público garantir condições seguras para o deslocamento dos ciclistas, incluindo a construção de ciclovias, faixas exclusivas e a implementação de medidas para coibir o desrespeito e os acidentes envolvendo ciclistas”, conclui a especialista.
Políticas públicas
Os cicloativistas de todo o país formaram um grupo com o objetivo de discutir e promover a inclusão da mobilidade ativa como política pública. Dezenove ativistas e políticos se uniram para fundar a Coalizão Nacional Suprapartidária pela Bicicleta, em 18 de fevereiro deste ano.
De acordo com o vereador André Fraga, que faz parte desse grupo, “o movimento surge da luta por cidades mais propícias à ciclomobilidade urbana, aproveitando o período das eleições municipais para aumentar o reconhecimento da causa e fortalecer sua representatividade no contexto do desenvolvimento sustentável”.
“Acredito e reforço que o desenvolvimento sustentável das cidades também passa por uma mobilidade limpa, com menor emissão de gases poluentes. Por isso, nosso mandato busca uma cidade mais planejada para os ciclistas amadores e profissionais“, disse o vereador.
Segundo a Carta de fundação da Coalizão Nacional Suprapartidária pela Bicicleta, a bicicleta tem despontado como um dos modais de transporte em ascensão, que deve estar integrada ao bem-estar dos cidadãos e ocupar espaços nas instituições de poder da democracia representativa. “Acreditamos que a bicicleta é um veículo de mudança, capaz de transformar a realidade nos mais diversos níveis – do indivíduo, dos coletivos e da sociedade como um todo”.
Para a ativista Renata Falzoni, que tem inúmeros estudos sobre a malha cicloviária no Brasil e é uma das fundadoras da coalizão, o momento representa uma coesão entre políticos e eleitores que entendem a cidade a partir da escala humana.
“A Coalizão pela Bicicleta marcará o início dessa bancada política orgânica, onde tanto as demandas populares quanto as soluções propostas nasçam dentro do conceito: Sustentabilidade, inclusão, direito à cidade e zero mortes no trânsito“.