Dois pacientes foram submetidos a um procedimento inovador no tratamento de arritmias cardíacas, realizado pela primeira vez na Bahia no Hospital Universitário Professor Edgard Santos (Hupes-UFBA). A técnica, conhecida como Ablação por Campo Pulsado (PFA, do inglês Pulsed Field Ablation), utiliza pulsos elétricos de alta voltagem e curta duração para induzir a morte celular de forma não térmica. Diferentemente dos métodos tradicionais, que empregam calor (radiofrequência) ou frio (crioablação) para destruir o tecido cardíaco anômalo, essa abordagem oferece uma alternativa mais segura e eficaz no controle da doença.
O mecanismo de ação da PFA baseia-se na eletroporação irreversível, um processo em que os pulsos elétricos criam poros nas membranas das células cardíacas, levando à destruição seletiva dos miócitos, que são as células musculares do coração. Essa seletividade é uma vantagem significativa, pois minimiza danos a tecidos adjacentes, como o esôfago, nervo frênico e vasos sanguíneos, reduzindo potenciais complicações associadas aos métodos tradicionais.
Segundo o cardiologista do Hupes-UFBA, Alex Guabiru, especialista em eletrofisiologia clínica invasiva, para além das palpitações e falta de ar, sintomas comuns da doença, o quadro pode levar ao derrame e AVC. “Dessa forma, o tratamento visa reduzir os sintomas e as chances de a doença dilatar o coração, evoluindo para insuficiência cardíaca“, disse.
Os pacientes que receberam esse tipo de tratamento eram portadores da arritmia sustentada, um tipo de distúrbio do ritmo cardíaco. Em pessoas com 80 anos ou mais, essa arritmia é comum e tem uma prevalência entre 15% e 20% da população.
A Ablação por Campo Pulsado (PFA) oferece benefícios significativos aos pacientes devido a sua precisão e também por ser menos invasivo. Essas características permitem uma recuperação acelerada, com menos complicações no pós-procedimento. Além disso, o tempo da cirurgia é mais curto, reduzindo o tempo total que os pacientes passam no laboratório de cateterismo.
Participaram da cirurgia no Hupes-UFBA os cardiologistas Alex Guabiru, Luiz Magalhães e Jussara Pinheiro, dois anestesistas, três enfermeiros e equipe de técnicos de enfermagem.