O carnaval chegou trazendo muitas festas e oportunidades de interação social. Contudo, o período carnavalesco também reacende o alerta para os cuidados com Infecção Sexualmente Transmissível (IST), em especial pelo HIV, e a importância da prevenção.
De acordo com um levantamento da Secretaria Estadual de Saúde da Bahia (Sesab), em 2023, a Bahia registrou cerca de 2.304 casos da doença e uma taxa de incidência de 15 casos a cada 100 mil habitantes.
Em contrapartida, o Boletim Epidemiológico sobre HIV/aids, divulgado pelo Ministério da Saúde no final do ano passado, revelou que, nos últimos dez anos, o estado registrou queda de 5,8% no coeficiente de mortalidade por aids, passando de 3,4 para 3,2 óbitos por 100 mil habitantes. A queda desse número está ligada diretamente aos métodos de prevenção disponíveis no país, entre eles: a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) e a Profilaxia Pós-Exposição (PEP). Disponíveis através do Sistema Único de Saúde (SUS), a PrEP e a PEP são consideradas estratégias fundamentais na prevenção do HIV, cada uma atuando em momentos distintos da exposição ao vírus.
“Indivíduos HIV positivos que têm carga indetectável e contagem das células de defesas normais, devem continuar o tratamento pelo resto da vida para manter controlada a quantidade do vírus no organismo para que ela não volte a subir significativamente, podendo infectar outras pessoas. Portanto, é importante estarem atentos aos métodos de prevenção”, afirma Fernando Badaró, médico infectologista e professor de Medicina da Universidade Salvador (UNIFACS), cujo curso de Medicina é parte integrante da Inspirali.
PrEP
Classificada como um método efetivo de prevenção ao HIV, a PrEP consiste na ingestão regular de um medicamento antirretroviral por pessoas que não têm o vírus, mas que estão em alto risco de exposição. Se tomado corretamente, a Profilaxia Pré-Exposição reduz significativamente o risco de contrair o vírus.
Astrid Tatiana Otero, médica infectologista e professora do curso de Medicina da UNIFACS, destaca em quais situações o método deve ser considerado. “Geralmente, a PrEP é indicada para indivíduos que têm parceiro ou parceira sexual HIV positivo, profissionais do sexo, pessoas com comportamento sexual de risco, usuários de drogas injetáveis, entre outros”, destaca a docente.
O primeiro passo para ter acesso é procurar um serviço de saúde que ofereça a PrEP, geralmente os centros de testagem e aconselhamento, Unidades Básicas de Saúde (UBS) que contam com serviços especializados em ISTs/HIV/AIDS ou hospitais que dispõem de ambulatórios especializados.
“O indivíduo interessado passará por uma avaliação de risco para determinar se a PrEP é indicada para o seu caso, seguindo os critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde. Se for considerado elegível, receberá a prescrição e as orientações de uso” explica a infectologista.
PEP
Já a PEP é considerada uma medida de emergência para prevenir a infecção pelo HIV após uma possível exposição ao vírus. Deve ser iniciada o mais rápido possível, idealmente dentro de 72 horas após a exposição. “A Profilaxia Pós-Exposição consiste em um curso de medicamentos antirretrovirais e é indicada após uma potencial exposição ao HIV, seja por uma relação sexual desprotegida, compartilhamento de agulhas ou acidentes ocupacionais em profissionais da saúde”, orienta a especialista.
Também oferecida gratuitamente pelo SUS, a PEP pode ser acessada em hospitais, unidades de pronto atendimento (UPAs) e alguns centros de testagem e aconselhamento, especialmente aqueles vinculados a hospitais. Em caso de exposição ao HIV, é crucial buscar atendimento o mais rápido possível. “O tratamento com PEP dura 28 dias e o acompanhamento médico é essencial durante esse período para monitorar efeitos colaterais e a eficácia da profilaxia”, alerta Astrid Tatiana Otero.
De olho na prevenção
A combinação de métodos preventivos oferece a melhor proteção contra o HIV, sendo indispensável o uso de preservativos em todas as relações sexuais. Para aquelas pessoas em alto risco de exposição, evitar o compartilhamento de agulhas e realizar regularmente testes de HIV e outras ISTs também são formas eficazes de prevenção. Além disso, a educação e a conscientização sobre o vírus são cruciais.
“É importante ressaltar que, embora PrEP e PEP sejam altamente eficazes na prevenção do HIV, elas não protegem contra outras ISTs. Por isso, o uso de preservativos continua sendo uma estratégia essencial. Além disso, o comprometimento com o regime de tratamento é crucial para a eficácia da PrEP e PEP. No caso da PrEP, a adesão regular ao medicamento é fundamental, enquanto a PEP requer um curso completo de tratamento para ser eficaz. Sempre consulte um profissional de saúde para orientações específicas e suporte”, finaliza a professora da UNIFACS, que faz parte do Ecossistema Ânima.