Após uma longa batalha contra o câncer colorretal, a cantora Preta Gil faleceu aos 50 anos. Esta doença, muitas vezes silenciosa no início, é uma das principais causas de morte no Brasil, mas pode ser prevenida através de exames de rotina e atenção aos sintomas. Os casos de câncer de intestino estão em ascensão e podem ultrapassar 70 mil por ano até 2040.
O recente aumento da visibilidade do câncer devido ao diagnóstico e à morte da cantora pode fortalecer campanhas de prevenção e impulsionar a adoção de políticas mais eficazes para o rastreamento precoce. Portanto, é crucial estruturar programas nacionais que incluam colonoscopias regulares, especialmente para indivíduos acima de 45 anos, como prioridade para conter o avanço da doença.
Embora a maioria dos casos e internações ocorra em populações com mais de 65 anos, observa-se um crescimento entre pessoas mais jovens, especialmente devido a mudanças nos hábitos alimentares, sedentarismo e aumento do peso corporal.
A médica coloproctologista Fernanda Letícia Cavalcante afirma:
“É urgente reforçar o rastreamento por colonoscopia a partir dos 45 anos. Detectar pólipos em estágio inicial pode reduzir significativamente o número de casos graves.“
Dados no Brasil
Estudos apontam aumento acentuado da doença. Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) estimam que, entre 2023 e 2025, o Brasil deve registrar 45.630 novos casos de câncer de cólon e reto por ano. Destes, 23.660 são esperados em mulheres e 21.970 em homens.
Um levantamento da Fundação do Câncer prevê que os casos poderão crescer mais de 20% até 2040, chegando a 71.050 diagnósticos anuais. Entre 2015 e 2023, a cobertura de planos de saúde registrou alta de 80% nos diagnósticos de câncer colorretal — uma elevação expressiva em menos de uma década.
Aumentos regionais também preocupam. A Fundação do Câncer destacou que Centro-Oeste e Norte do Brasil podem registrar alta de mais de 30% até 2040, enquanto o Sudeste deve ter crescimento de 18%, ainda que concentre a maioria dos casos atualmente.
O câncer colorretal é o terceiro tipo mais comum no país, atrás apenas do câncer de pele não melanoma e de mama feminina. Em 2022, o Observatório da Saúde Pública registrou quase 96 mil internações, com taxa de 47,2 por 100 mil habitantes — mais de 50 mil entre homens e cerca de 46 mil entre mulheres. Ainda de acordo com o mesmo levantamento, ocorreram 20.245 óbitos relacionados à doença: 10.356 mulheres e 9.889 homens.
Crescimento entre jovens
Hábitos com impacto conhecido incluem consumo de carne vermelha e ultraprocessados, sedentarismo, tabagismo e álcool. Por outro lado, dieta rica em fibras e exercícios ajudam a reduzir o risco. “O câncer de intestino é silencioso nas fases iniciais. Por isso, quem tem mais de 45 anos, histórico familiar ou fatores de risco precisa entender que prevenção não é opção, é necessidade. A colonoscopia salva vidas”, destaca Dra. Fernanda.
O Dr. Bruno Sander, especialista em gastroenterologia, explica:
“O câncer de intestino pode se desenvolver por anos sem sinais evidentes. Por isso, a prevenção e o rastreamento são fundamentais. Colonoscopias a partir dos 45 anos, mesmo sem sintomas, já são recomendadas. E em pessoas com histórico familiar ou fatores de risco, o cuidado precisa ser ainda mais precoce”.
Exames como sangue oculto nas fezes também podem identificar lesões iniciais. A remoção de pólipos ainda benignos impede a evolução para tumores malignos, aumentando drasticamente as chances de cura.
Sinais de alerta
O que observar no corpo? Entre os sinais de alerta estão alterações persistentes no hábito intestinal (diarreia ou constipação), sangramento nas fezes, dor abdominal frequente, perda de peso inexplicada, sensação de evacuação incompleta e fadiga. Apesar disso, muitos pacientes demoram a buscar ajuda — por vergonha, medo ou por não acreditarem que os sintomas possam ser graves.
A consequência é grave: dados do INCA indicam que apenas 37% dos casos são diagnosticados ainda em estágio inicial, quando as chances de cura ultrapassam 90%. Diagnóstico precoce salva vidas A boa notícia é que o câncer colorretal pode ser detectado precocemente — e em muitos casos até prevenido. Isso porque ele se desenvolve, na maioria das vezes, a partir de pólipos intestinais, que podem ser removidos antes de se tornarem tumores.
Como diminuir o risco da doença?
Hábitos como alimentação rica em fibras, prática regular de atividade física, redução do consumo de carnes processadas, álcool e cigarro ajudam a diminuir o risco da doença.