A hipertensão arterial, caracterizada pela elevação sustentada dos níveis de pressão arterial, é um problema de saúde pública, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). No mundo, mais de 1 bilhão de pessoas convivem com a hipertensão, sendo 36 milhões no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde.
O Dr. Cristiano Macedo, cardiologista do O Hospital Universitário Professor Edgard Santos, da Universidade Federal da Bahia (Hupes-UFBA), filiado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), reforça que a hipertensão é uma doença multifatorial e na grande maioria dos casos (em torno de 90%) ocorre por uma conjunção de fatores genéticos/hereditários associados a outros decorrentes do estilo de vida inadequado, como ingestão acentuada de sódio na dieta, sedentarismo, obesidade, álcool e tabagismo.
O que é a hipertensão?
A Sociedade Brasileira de Hipertensão explica de forma bem didática que a Hipertensão, usualmente chamada de pressão alta, é ter a pressão arterial, sistematicamente, igual ou maior que 14 por 9. A pressão se eleva por vários motivos, mas principalmente porque os vasos nos quais o sangue circula se contraem. O coração e os vasos podem ser comparados a uma torneira aberta ligada a vários esguichos. Se fecharmos a ponta dos esguichos a pressão lá dentro aumenta. O mesmo ocorre quando o coração bombeia o sangue. Se os vasos são estreitados a pressão sobe.
Segundo o MS a hipertensão arterial pode ser primária, quando geneticamente determinada ou secundária, quando decorrente de outros problemas de saúde, como doenças renais, da tireoide ou das suprarrenais. É fundamental diagnosticar a origem do problema, para que seja introduzido o tratamento adequado.
Complicações
As principais complicações da hipertensão são derrame cerebral, também conhecido como AVC, infarto agudo do miocárdio e doença renal crônica. Além disso, a hipertensão pode levar a uma hipertrofia do músculo do coração, causando arritmia cardíaca. O tratamento da hipertensão, de forma continua, amplia a qualidade e a expectativa de vida.
Sinais
Os primeiros sinais da hipertensão, muitas vezes, passam despercebidos, por isso é chamada de doença silenciosa, alerta o coordenador médico da Amparo Saúde, Leonardo Demambre Abreu. Segundo ele, tontura, dor no peito, dor de cabeça, visão borrada e zumbido no ouvido podem indicar alguma alteração.
O aumento crônico da pressão arterial prejudica e sobrecarrega o funcionamento do coração e dos vasos sanguíneos. Seus efeitos são percebidos ao longo do tempo, podendo evoluir para o crescimento do órgão (cardiomegalia) e insuficiência cardíaca. Abreu explica que, apesar de haver predisposição genética para a hipertensão, muitos fatores que levam a ela são modificáveis: “Por isso, a mudança de estilo de vida é fundamental para que a pressão arterial se mantenha sob controle”, afirma Dr Abreu.
Tratamento
O tratamento consiste na mudança do estilo de vida, adquirindo hábitos de vida mais saudáveis como dieta com baixo teor de sódio e rica em potássio, exercícios físicos regulares, perda de peso, cessação do tabagismo e redução da ingestão de bebidas alcoólicas, associado ao uso correto e regular dos medicamentos prescritos.
“Os pacientes devem ter consciência que o tratamento e o acompanhamento médico será por toda a vida. A hipertensão não tem cura, mas com o tratamento e controle adequado o paciente poderá ter uma vida longa e saudável”, reforça Dr Cristiano Macedo.
O SUS
O Sistema Único de Saúde (SUS) proporciona diagnóstico, tratamento e acompanhamento para pacientes com hipertensão, enquanto também implementa iniciativas que visam prevenir doenças crônicas não transmissíveis. Nas Unidades Básicas de Saúde, são atendidos os pacientes com hipertensão não resistente (leve e moderada), enquanto aqueles que evoluem para casos mais graves, como a Hipertensão Resistente, necessitam de acompanhamento em hospitais especializados.
Referência na Bahia
O Hupes/Ufba é um Hospital de atenção terciária, ou seja, dedicado principalmente ao tratamento de casos de alta complexidade, que oferece atendimento através do Sistema Único de Saúde (SUS). Ele possui um ambulatório especializado em Hipertensão, focado no tratamento de casos mais complexos.
Segundo o Dr. Cristiano Macedo, responsável pelo ambulatório, os pacientes são classificados como portadores de Hipertensão Resistente ou Refratária, condições caracterizadas pela dificuldade em controlar a pressão arterial, que necessitam do uso simultâneo de mais de três classes diferentes de medicamentos anti-hipertensivos. “Esses indivíduos enfrentam um maior risco de desenvolver complicações conhecidas como “lesões de órgãos-alvo”, tais como infartos, derrames, aneurismas, insuficiência cardíaca e renal”, enfatiza o cardiologista.
O ambulatório de Hipertensão do Hupes atende aproximadamente 50 pacientes semanalmente, oferecendo serviços que podem ser acessados por meio da rede municipal e estadual de saúde.
Confira três dicas que ajudam a manter a pressão arterial sob controle:
Alimentação – Aumentar a ingestão de frutas, legumes, hortaliças, laticínios com baixo teor de gordura, carnes sem gordura e cereais integrais. Fugir dos ultraprocessados, como salsichas, biscoitos recheados e refrigerantes, pois são ricos em sódio. Evitar alimentos açucarados de qualquer tipo. Uma avaliação com nutricionista pode ajudar o paciente a personalizar um plano alimentar que considere sua condição econômica, cultura e a vida social.
Atividade Física – Exercitar-se regularmente, se possível, com orientação de um profissional de educação física. Uma alternativa prática é caminhar no bairro, subir escadas em vez de usar elevador, descer do ônibus um ou dois pontos antes do ponto de chegada, por exemplo.
Acompanhamento – Medir a pressão arterial, no mínimo, a cada seis meses. Se estiver descompensada, ou seja, maior do que 140×90 em pacientes adultos, o intervalo deve ser menor e determinado pelo médico caso a caso. Tendo condições, o paciente pode usar aparelho portátil de medição da pressão arterial, desde que a aferição ocorra com a técnica adequada.
O aparelho de braço é o mais indicado. Já os equipamentos acoplados a pulseiras ou relógios do tipo smartwatches, ainda carecem de estudos científicos robustos que validem sua utilização.