Em alusão ao Dia Mundial da Escuta, celebrado em 18 de julho, a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cervicofacial (ABORL-CCF) chama a atenção para a importância da audição não apenas na comunicação, mas também como fator crucial para o equilíbrio, o desempenho cognitivo e o bem-estar geral. Ouvir bem é mais do que um sentido — é uma ponte para uma vida mais ativa, segura e conectada.
De acordo com o relatório “Surdez e perda de audição”, da Organização Mundial da Saúde, mais de 1,5 bilhão de pessoas, o que representa cerca de 20% da população global, vivem com alguma forma de perda auditiva.
Ainda segundo a OMS, desse total, 430 milhões têm perda incapacitante e 34 milhões são crianças, das quais 60% poderiam ter sua condição evitada por ações de saúde pública, como vacinação e controle de infecções. Em paralelo, um estudo de 2022, publicado na revista JAMA Neurology revelou que 14,4% dos adultos em todo o mundo já vivenciaram zumbido (tinnitus) e 2,3% relatam casos graves, índice que cresce de forma expressiva com o avançar da idade (de 9,7% entre 18 e 44 anos para 23,6% a partir dos 65 anos).
“A audição é um sentido essencial para o desenvolvimento humano desde os primeiros anos de vida. Quando comprometida, afeta a linguagem, a aprendizagem, a socialização e até a saúde mental. Por isso, o cuidado com a escuta precisa ser parte da rotina, assim como vamos ao oftalmologista ou ao dentista. Muitos casos de perda auditiva poderiam ser evitados com medidas simples, como vacinação, tratamento adequado de infecções e acompanhamento regular com o otorrino“, alerta o médico otorrinolaringologista e membro da ABORL-CCF, Fernando Balsalobre.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, cerca de 217 milhões de pessoas vivem com perda auditiva na Região das Américas, o equivalente a 21,5% da população regional, número que pode chegar a 322 milhões até 2050 caso não haja medidas preventivas efetivas.
“Muitos confundem a perda auditiva com simples ‘cansaço de ouvido’ e acabam negligenciando o problema“, alerta o especialista.
No entanto, de acordo com a OMS, é possível se prevenir, no caso da perda auditiva infantil, com ações simples de saúde pública, como vacinação e controle de infecções. E, no caso dos adultos, existem intervenções adequadas para evitar o prejuízo à saúde dos ouvidos e da escuta.
Cinco dicas da para proteger sua audição
• Reconheça os sinais: dificuldade para entender conversas, necessidade de aumentar o volume de aparelhos ou percepção de zumbidos frequentes.
• Faça exames anuais: a partir dos 50 anos, ou antes se você trabalha em ambientes barulhentos ou utiliza fones em níveis elevados.
• Utilize proteção auditiva: tampões ou conchas em shows, canteiros de obra e indústrias.
• Não ignore o zumbido: 14,4% dos adultos globalmente já o experimentaram, o que pode apontar para lesão coclear.
• Trate infecções rapidamente: otites recorrentes sem tratamento podem causar danos permanentes à cadeia ossicular.
O DIA DA ESCUTA é o momento de lembrar que cada conversa preservada e cada som devidamente captado reforçam nossos vínculos e antecipam potenciais problemas antes que se tornem irreversíveis.
Ao adotar práticas simples, como avaliações periódicas, o uso de protetores auditivos e a atenção a sinais sutis, você não só protege seu bem estar, mas também fortalece a cultura de escuta ativa em toda a sociedade. Afinal, ouvir bem é viver melhor.