Apontados pelo Ministério da Saúde como a terceira causa de mortalidade entre pessoas com mais de 65 anos no Brasil, os acidentes provocados por quedas já resultaram no óbito de mais de 70 mil idosos entre 2013 e 2022. Esse dado reforça a necessidade de alertar a população sobre a importância de medidas preventivas.
A segurança contra quedas está entre as seis metas internacionais de segurança do paciente. A Organização Mundial da Saúde (OMS) instituiu o dia 24 de junho como o Dia Mundial de Prevenção de Quedas, alertando sobre um problema que afeta todas as idades, mas especialmente os idosos. No Brasil, mais de 100 mil pessoas com mais de 60 anos são hospitalizadas anualmente por esse motivo.
A fisioterapeuta e coordenadora de Reabilitação da Clínica Florence – Unidade Salvador, Flaviane Ribeiro, explica que alguns fatores de risco para quedas estão relacionados ao próprio idoso, como idade avançada, doenças crônicas, fraqueza muscular, alterações sensoriais e distúrbios de equilíbrio. No entanto, também é fundamental identificar os riscos presentes no ambiente, como iluminação inadequada, tapetes soltos entre outros fatores que acabam contribuindo para acidentes.
Outro grupo importante está relacionado ao uso de medicamentos. “O uso simultâneo de vários remédios aumenta significativamente o risco de quedas, especialmente quando envolve sedativos, hipnóticos, antidepressivos, antipsicóticos e medicamentos que podem causar queda de pressão, como alguns anti-hipertensivos”, alerta a fisioterapeuta.
Para a terapeuta ocupacional Joice Paixão, conselheira do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 7ª Região (CREFITO-7) e com mais de 20 anos de atuação com pessoas idosas, destaca que o medo de cair pode ser é uma das causas de novas quedas. “Esse receio gera tensão muscular e insegurança, o que aumenta o risco, especialmente quando o idoso já sofreu uma queda anterior”, afirma.
Sinais de alerta
Flaviane Ribeiro destaca que mudanças sutis no comportamento, na mobilidade e no ambiente do idoso, a exemplo da dificuldade para andar, levantar-se ou manter o equilíbrio, uso frequente de móveis como apoio, queixas de tontura, fraqueza nas pernas e alterações na postura, são sinais de alerta a serem percebidos, principalmente por pessoas que convivem com esse idoso.
“Aspectos mentais e emocionais, como medo de cair, confusão ou lapsos de memória, também elevam o risco. Ao notar esses sinais, os familiares devem buscar orientação médica, revisar medicamentos, incentivar a prática de exercícios leves e adaptar a casa para torná-la mais segura“, reforça a fisioterapeuta Flaviane.
A terapeuta ocupacional, Joice Paixão, ressalta também que o uso de calçados inadequados e a presença de objetos espalhados pela casa — como tapetes mal posicionados e móveis que dificultam a circulação — também representam riscos importantes. Segundo ela, é essencial adaptar o ambiente sem comprometer a identidade do lar, mantendo-o seguro e acessível.
Prevenção
A Terapia Ocupacional é uma profissão da área da saúde que atua na promoção da autonomia e segurança no cotidiano das pessoas, um trabalho que atua na observação da rotina do paciente, orienta sobre o uso correto de medicações, higiene do sono e organização de atividades diárias. Segundo ela, é importante a realização da avaliação e adaptação do ambiente domiciliar, tornando os espaços mais acessíveis e seguros — com boa iluminação, áreas de circulação livres e objetos de uso frequente ao alcance, evitando riscos como subir em bancos ou se abaixar excessivamente.
“É importante organizar medicações com tabelas e caixas, orientar sobre horários adequados para as refeições e estimular o desempenho nas atividades da vida diária (AVDs), promovendo maior independência e qualidade de vida”, alerta a terapeuta ocupacional Joice Paixão.
De acordo com Joice, o terapeuta ocupacional atua reestruturando a rotina do paciente, buscando resgatar e adaptar atividades que ele realizava antes da queda, mesmo diante de limitações físicas e funcionais. “Fazemos um trabalho minucioso de adequações no ambiente e nos objetos de uso diário — como posicionamento de cadeiras, escolha de roupas mais práticas, adaptação da cama ou do banheiro — sempre com o foco em promover segurança e autonomia”, ressalta.
“Ao criar um ambiente acessível e seguro, com boa iluminação, medicações organizadas e uso de calçados adequados, conseguimos estimular a pessoa idosa a retomar sua rotina com mais independência, autoestima e qualidade de vida”.
O que fazer em caso de quedas
Joice Paixão explica que as quedas em pessoas idosas podem gerar fraturas — como de punho ou fêmur —, levando à hospitalização e, frequentemente, à perda de funcionalidade.
Em situações de queda, Flaviane Ribeiro reforça que é importante manter a calma e agir com cuidado para evitar agravamento de possíveis lesões.
“É fundamental verificar se o acidentado está consciente e se há sinais de dor intensa, possíveis sangramentos, inchaços ou deformidades, principalmente em regiões como quadris, punhos, cabeça ou tornozelos. Se houver qualquer suspeita de fratura ou lesão grave, o ideal é não movimentar a vítima e acionar imediatamente o serviço de emergência médica“, orienta.